Energia eólica: a companhia estima ser a quinta maior entre os fornecedores de equipamentos presentes no país (foto/Getty Images)
Reuters
Publicado em 8 de maio de 2017 às 16h57.
Última atualização em 8 de maio de 2017 às 17h00.
São Paulo - A fabricante de turbinas para usinas de energia eólica Nordex Acciona quer ampliar sua participação no mercado brasileiro, que passa por um momento de forte competição devido a uma pausa na contratação de novos projetos desencadeada pela crise econômica do país, disse à Reuters o diretor local da companhia.
Fruto de uma fusão da alemã Nordex com a espanhola Acciona, que já tinha fábrica no Brasil, a nova empresa é mais forte e está seriamente comprometida em avançar no país mesmo em um ciclo de baixa dos investimentos em novas usinas.
"Queremos continuar no Brasil porque achamos que o mercado é rentável, e queremos aumentar nosso market share", afirmou o diretor da Nordex Acciona para o Brasil, Pablo Pulpeiro Mori.
Atualmente, a companhia estima ser a quinta maior entre os fornecedores de equipamentos presentes no país, atrás da norte-americana GE, da espanhola Gamesa, da dinamarquesa Vestas e da alemã Enercon.
"Queremos ser o terceiro ou o quarto player no Brasil", disse Mori, que vê a companhia ganhar mais musculatura para competir com as líderes após a fusão.
"Agora somos uma empresa muito maior, com balanço mais forte e uma melhor presença geográfica, o que reduz o risco da companhia, porque esse é um mercado cíclico, e o desempenho em um país pode ajudar a compensar o outro", explicou.
Ele disse também que a busca por crescimento poderá se dar com a retomada dos leilões para contratar novas usinas realizados pelo governo, cuja falta tem pressionado os fornecedores de equipamentos, que temem ficar com as fábricas vazias a partir de 2018.
Ao mesmo tempo em que não há novos projetos, a maior parte das usinas contratadas nos últimos anos já fechou a compra de turbinas ou enfrenta problemas e não deverá sair do papel, o que gera uma enorme disputa pelas poucas oportunidades ainda disponíveis para vender equipamentos, conforme reportado pela Reuters em março.
"Tem muita concorrência, e tem havido muitos descontos. Mas não é só aqui, isso é a nível global", disse.
Nesse cenário, segundo o executivo, empresas mais frágeis ou com menor presença global podem sentir o baque e não conseguir continuar no mercado de energia eólica do Brasil.
"Infelizmente, o mercado ainda não chegou no número certo de players, tanto em nível local quanto em nível global", disse.
Ele lembrou que o negócio tem passado por uma onda de consolidação, como a recente fusão dos negócios em energia de GE e Alstom e a fusão entre a Siemens e a espanhola Gamesa, sem contar o próprio movimento da Nordex com a Acciona.
"A nível global, esse é um mercado em que você precisa de tamanho, e esse é um dos motivos da fusão... quem não tem presença global vai sofrer, vai ser difícil."
Em um momento de economia ainda em busca de recuperação, a Nordex Acciona tem sentido que uma eventual retomada dos investimentos no setor de energia eólica deverá ser comandada por companhias estrangeiras.
Segundo Mori, havia forte interesse do investidor externo às vésperas de um leilão que contrataria novas usinas eólicas no final do ano passado, que acabou cancelado na última hora devido à falta de demanda por eletricidade.
"No geral, cerca de 80 por cento dos investidores deverão ser estrangeiros", afirmou.
O executivo disse ainda estar confiante na retomada dos leilões de energia neste ano, devido a uma sinalização recente do governo de que deverá haver ao menos uma licitação até setembro.
Ele também tem expectativa que o cancelamento de projetos problemáticos, que não foram adiante por diversas dificuldades, bem como a retomada da economia devem ajudar a melhorar a demanda por energia e levar à necessidade de mais um leilão em 2018.
"O mercado está em um momento de limpeza... esse mercado ainda tem que virar, e o Brasil voltar a estar de novo entre os 5 ou 6 maiores mercados eólicos do mundo", disse.
As turbinas já em operação da Nordex Acciona no Brasil somam quase 800 megawatts, um número que deverá alcançar 1,2 gigawatt em meados de 2018, quando algumas máquinas vendidas mais recentemente forem entregues.