Paulo Câmara, presidente do BNB, durante o EXAME Fórum NE: apostar no Nordeste é apostar no futuro do Brasil (Eduardo Frazão/Exame)
EXAME Solutions
Publicado em 19 de setembro de 2025 às 15h01.
Última atualização em 26 de setembro de 2025 às 09h55.
O ano de 2025 consolida três ciclos consecutivos de crescimento econômico no Brasil — uma sequência pouco comum na história recente. Para o presidente do Banco do Nordeste, Paulo Câmara, o diferencial desse marco é que ele não se resume ao PIB: vem acompanhado de avanços sociais e ambientais.
“Estamos em 2025 com a continuidade desse processo: o Brasil crescendo economicamente, mas, o que é importante, tendo avanços sociais fundamentais. É alinhando o econômico com o social e com a proteção ambiental que a gente caminha para a sustentabilidade”, afirmou Câmara durante entrevista após o EXAME Fórum NE, que aconteceu no último dia 20, em São Paulo.
Segundo ele, o Nordeste tem se destacado nesse movimento, registrando crescimento acima da média nacional. “Isso ajuda a diminuir as desigualdades históricas da região, ao mesmo tempo que abre espaço para grandes investimentos estruturantes”, disse.
Entre os fatores que explicam esse avanço estão o Novo PAC, que destina quase 42% dos recursos federais ao Nordeste, e programas como a Nova Indústria Brasil (NIB), que já mobilizou R$ 9,5 bilhões em crédito via Banco do Nordeste só no ano passado para fortalecer cadeias produtivas sustentáveis, infraestrutura social e transição energética.
“Vivemos um momento especial: o desemprego está no menor nível da história, e o Brasil saiu do mapa da fome. Para nós, nordestinos, isso tem um peso enorme, porque parte significativa da população mais vulnerável estava aqui”, destacou.
O Banco do Nordeste, maior agente de crédito da região, deve mobilizar R$ 70 bilhões em investimentos em 2025, sendo 62% voltados para pequenos negócios. “Nosso papel é apoiar desde o microempreendedor que pega R$ 1 mil no Agroamigo (Programa de Microfinança Rural do Banco do Nordeste) até os grandes projetos de energia renovável, rodovias e saneamento. O banco tem de estar presente em tudo que é relevante no Nordeste”, disse Câmara.
Só em microcrédito, a instituição já atende quase 4 milhões de pessoas, com impacto direto no comércio, serviços e agricultura familiar. “Isso faz a economia girar de maneira consistente, porque é muito dinheiro pulverizado e com retorno. A inadimplência é baixíssima”, ressaltou.
O executivo lembra que o Nordeste se tornou referência mundial em energias renováveis. “Há 15 anos, fomos pioneiros em apostar na energia eólica. Hoje somos protagonistas também na solar, e já nos preparamos para o hidrogênio verde”, afirmou. “Em um passado recente, éramos os mais afetados em apagões. Agora, exportamos energia para o resto do Brasil.”
Câmara também destacou o crescimento de 126% no crédito rural para agricultura familiar nos últimos dois anos e meio. “Hoje, 90% dos contratos dessa área no país são feitos pelo Banco do Nordeste. Isso gera renda, fixa o homem no campo e garante a produção de alimentos”, disse.
O programa Agroamigo, focado no pequeno produtor, se tornou prioridade do governo federal. “Não é só emprestar dinheiro. Orientamos o agricultor para usar bem o crédito, o que faz toda a diferença”, explicou.
Para o presidente do banco, apostar no Nordeste é apostar no futuro do Brasil. “Quem não conhece ainda o potencial da região vai conhecer. O Nordeste cresce mais do que o país, tem oportunidades em todos os setores e o Banco do Nordeste é o parceiro certo para quem quer investir”, afirmou.
Assista, a seguir, a entrevista completa de Paulo Câmara à EXAME.