Fabiano Lorenzi, CEO da Norcoast: joint-venture de duas gigantes do setor mira faturamento de R$ 1 bilhão em 2025
Repórter
Publicado em 27 de março de 2025 às 09h36.
Última atualização em 27 de março de 2025 às 10h57.
A cabotagem, o transporte de cargas entre portos do mesmo país, tem se tornado cada vez mais importante no Brasil, especialmente após o lançamento do BR do Mar, um programa do governo que foi sancionado em 2022 para incentivar o uso desse modal. Consequentemente, aumenta a concorrência, reduz custos e torna a cabotagem uma opção mais acessível para as empresas brasileiras.
No país, onde mais de 80% da população vive perto da costa, a cabotagem reduz custos de transporte, melhora a segurança das mercadorias e ainda emite quatro vezes menos CO₂ do que o transporte rodoviário.
É nesse cenário de crescimento que a Norcoast entrou no mercado. Criada em 2024, a empresa é a primeira nova operação de cabotagem no Brasil em 20 anos. Formada pela parceria entre a Hapag-Lloyd e a Norsul, a joint-venture já conquistou 20% de market share e tem 400 clientes ativos.
Mirando R$ 1 bilhão de faturamento em 2025, o dobro do resultado do ano anterior, a Norcoast movimentou mais de 70 mil TEUs — a unidade equivalente a contêineres de 20 pés (aprox. 6 metros) — em um ano de operação. São cerca de 4 mil campos de futebol enfileirados.
A Norcoast nasceu da parceria entre duas grandes empresas: a Hapag-Lloyd e a Norsul, uma das mais tradicionais operadoras de cabotagem no Brasil. Fundada em 1963 pelo norueguês Erling Lorentzen, começou transportando trigo da Argentina para o porto de Santos e foi a primeira empresa a introduzir o comboio oceânico e o transporte de cimento no país.
Gigante do setor, a alemã Hapag-Lloyd começou oficialmente em 1847, focando no transporte de passageiros e mercadorias entre Alemanha e EUA. No século seguinte, em 1970, conquistou o nome atual na fusão com a empresa alemã Norddeutscher Lloyd e passou a focar no transporte de contêineres. De lá para cá, se fundiu com outras três empresas: a americana CP Ships, a latina CSAV e a asiática United Arab Shipping Company.
Quase dois anos após o início do BR do Mar, essas empresas anunciaram uma joint-venture para fundar a Norcoast. "O mercado estava pedindo por uma mudança. Nossa chegada trouxe uma proposta de valor diferente, mais focada em flexibilidade e sustentabilidade", diz o CEO Fabiano Lorenzi.
Navio da Norcoast: empresa movimentou 70.000 TEUs em um ano de operação
A empresa já está presente em seis portos brasileiros: Paranaguá (PR), Itajaí (SC), Santos (SP), Suape (PE), Pecém (CE) e Manaus (AM). Ela possui quatro navios, cada um com capacidade para 3.500 TEUs. O quadro de funcionários é de aproximadamente 300 colaboradores dentro e fora do navio.
Em 2025, a joint-venture está focada em consolidar sua operação e continuar apostando na inovação tecnológica para melhorar a experiência do cliente. A empresa pretende expandir as operações para outras regiões do Brasil, atendendo tanto grandes embarcadores quanto pequenas empresas que ainda estão começando a usar a cabotagem como modal de transporte.
"Estamos em um setor com muito potencial de crescimento. O Brasil tem uma costa enorme [cerca de 8.000 km], e a cabotagem é a solução logística do futuro", afirma Lorenzi.