Patrick Sigrist e Lucas Vargas, da Nomad: empresa recebeu aporte de 60 milhões de dólares para expandir (Nomad/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 06h00.
Última atualização em 3 de maio de 2024 às 10h32.
A Nomad, fintech que permite aos brasileiros a abertura de conta-corrente em um banco norte-americano de forma digital, está recebendo um novo aporte de 61 milhões de dólares, cerca de 300 milhões de reais. A rodada Série B foi liderada pela gestora Tiger Global Management, que investe em empresas como Nubank e Open IA. Com o novo cheque, a empresa passa a ser avaliada em 1,8 bilhão de reais.
O valor captado será usado para atrair novos clientes para a plataforma e em novos produtos. Dois, principalmente, terão atenção especial: o de investimentos, para permitir que o usuário invista em ações fora do Brasil; e o de crédito, para permitir a tomada de crédito e financiamento em terras estrangeiras.
“Nenhuma fintech fez rodada maior que a nossa neste ano”, diz o CEO Lucas Vargas. “O que a gente conseguiu mostrar é que aumentamos muito nossa receita, com uma evolução grande em margem e lucratividade. Chegaremos ao breakeven até o final do ano”.
E o aporte vem, mesmo, em um momento de bons resultados para a startup paulistana. A expectativa é que fechem 2023 faturando 250 milhões de reais, quatro vezes mais do que em 2022. Nestes sete primeiros meses do ano, já movimentaram mais de 5 bilhões de reais em transações entre países.
Ao mesmo tempo, o cheque entra em um período não tão fácil para startups receberem aportes altos. Uma pesquisa da consultoria Distrito mostra que, em julho, dos 32 aportes feitos no Brasil, apenas nove foram em série A ou B. O restante foi todo em early stage. Não houve nenhuma captação em late stage.
“A retomada desse mercado ainda depende de um alívio monetário global, uma vez que as taxas elevadas de juros diminuem o apetite por risco, sobretudo no late stage”, explica Gustavo Gierun, fundador e CEO do Distrito.
O aporte de 300 milhões de reais será usado em duas frentes diferentes. Uma é na captação de clientes para os produtos já existentes hoje na Nomad. A fintech oferece uma conta financeira internacional. Assim, um brasileiro pode ter uma conta corrente em dólar, guardando o dinheiro em uma outra moeda que não o real. Ele consegue, também, fazer transferências para outras moedas e usar o cartão em qualquer país.
A outra frente de investimento será no desenvolvimento e melhorias de produtos:
A rodada Série B foi acompanhada pelos atuais investidores: Stripes, Monashees, Spark Capital, Propel, Globo Ventures e Abstract.
A ideia por trás da fundação da Nomad partiu do empresário Patrick Sigrist, que brinca estar nessa área de inovação “há centenas de anos”. Ele é um dos fundadores do iFood e investidor inicial da empresa. Quis criar a Nomad quando percebeu a dificuldade que era tentar utilizar cartões de crédito emitidos no Brasil no exterior ou remeter para fora recursos obtidos aqui.
Compartilhando das mesmas dores, Vargas juntou-se ao grupo em 2020, após oito anos em cargos executivos, inclusive o de CEO no Grupo Zap, um classificado online de imóveis que foi vendido à OLX.
Através da conta-corrente, os clientes podem:
O último aporte da Nomad tinha acontecido em maio de 2022, quando recebeu cerca de 160 milhões de reais em uma rodada liderada pela Stripes. Os recursos foram usados para adquirir a Husky, startup de transferências internacionais, que facilita o pagamento de brasileiros que trabalham para o exterior e necessitam receber seus recursos no Brasil.
“Pessoal brinca que a Nomad fechou a janela de aportes no ano passado. Foi uma das últimas investidas”, diz Vargas. Se foi mesmo, agora pode ser o indicativo de que a janela esteja reabrindo.