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Nissan diz que vai demitir Carlos Ghosn em meio a acusações de fraude

O executivo brasileiro e presidente do conselho de administração da montadora japonesa foi preso nesta segunda-feira após alegações de fraude fiscal

Imagem de arquivo: A montadora japonesa informou que, com base em um relatório de denúncias, estava investigando possíveis práticas ilegais por Ghosn (Jacky Naegelen/Reuters/Reuters)

Imagem de arquivo: A montadora japonesa informou que, com base em um relatório de denúncias, estava investigando possíveis práticas ilegais por Ghosn (Jacky Naegelen/Reuters/Reuters)

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Reuters

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 11h33.

Última atualização em 19 de novembro de 2018 às 11h45.

Tóquio - A Nissan Motor disse vai demitir o presidente do conselho de administração Carlos Ghosn, que foi preso nesta segunda-feira, após alegações de que ele usou dinheiro da empresa para uso pessoal e cometeu outros atos graves de fraude financeira.

O executivo é uma das figuras mais conhecidas da indústria automotiva mundial e foi responsável por resgatar a montadora japonesa de uma grave crise financeira anos atrás.

Ghosn, que também é presidente do conselho de administração e presidente-executivo da Renault, parceira francesa da Nissan, é acusado também de declarar valores menores que os pagos a ele pelo grupo.

A montadora japonesa informou que, com base em um relatório de denúncias, estava investigando possíveis práticas ilegais por Ghosn e pelo diretor-representante Greg Kelly por vários meses, e que estava cooperando totalmente com os investigadores.

"A investigação mostrou que, durante muitos anos, tanto Ghosn quanto Kelly relataram valores de remuneração no relatório de valores mobiliários da Tokyo Stock Exchange que eram menores do que a quantia real, para reduzir a quantia divulgada da remuneração de Carlos Ghosn", disse a Nissan em um comunicado.

Nem Ghosn nem Kelly puderam ser contatados para comentar.

ANissan informou que concederá uma entrevista ainda nesta segunda-feira sobre a situação, e que o presidente-executivo, Hiroto Saikawa, vai propor ao conselho da montadora que remova Ghosn e Kelly.

Ações caem

As ações da Renault chegaram a cair 13 por cento em Paris, entre as que apresentaram pior desempenho na Europa. Às 11h20, os papéis tinham baixa de 10,3 por cento.

A saída de Ghosn, 64 anos, deve levantar questões sobre o futuro da aliança que ele pessoalmente moldou e se comprometeu a consolidar e aprofundar, antes de finalmente se afastar de sua liderança operacional.

"A reação inicial ao preço das ações mostra como ele é fundamental", disse o analista do Citigroup, Raghav Gupta-Chaudhary, na segunda-feira.

A atual estrutura de alianças há muito desvalorizou as ações da Nissan detidas indiretamente pelos investidores da Renault, acrescentou.

"Ghosn é visto como crítico para o desbloqueio de valor."

Inversão de marcha

As notícias chocaram o Japão, onde Ghosn, um raro executivo de alto escalão estrangeiro, é bem visto por ter tirado a Nissan da beira da falência.

O jornal Asahi informou em seu site que os promotores japoneses começaram a revistar os escritórios da sede da Nissan e outros locais na noite de segunda-feira.

Os porta-vozes da Renault e da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi Motors não retornaram imediatamente as ligações e mensagens em busca de comentários sobre os relatórios de detenção.

Nascido no Brasil, descendente de libaneses e cidadão francês, Ghosn iniciou sua carreira na Michelin na França, seguindo para a Renault. Ele se juntou à Nissan em 1999, depois que a Renault comprou uma participação controladora e se tornou presidente-executivo em 2001. Ghosn permaneceu nesse posto até o ano passado.

Em junho, os acionistas da Renault aprovaram a remuneração de Ghosn de 7,4 milhões de euros para 2017. Além disso, ele recebeu 9,2 milhões de euros em seu último ano como presiente-executivo da Nissan.

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