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Nissan demite 398 funcionários no RJ por crise causada pela pandemia

Setor de montadores de veículos foi fortemente afetado pelas medidas de isolamento social e quarentena que fecharam as fábricas por causa da covid-19

Nissan: empresa deve demitir funcionários em meio à pandemia do coronavírus (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

Nissan: empresa deve demitir funcionários em meio à pandemia do coronavírus (Kim Kyung-Hoon/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de junho de 2020 às 20h00.

A montadora Nissan demitiu 398 empregados de sua fábrica em Resende, na porção fluminense no Vale do Paraíba, em meio à crise provocada pela pandemia de covid-19, após decidir suspender um turno de produção, informou a empresa.

As demissões ocorreram nesta segunda-feira, 22, sem negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, disse o vice-presidente da entidade, Renato Soares. O líder sindical disse que possui informação extraoficial de que as demissões poderiam chegar ao total de 600 trabalhadores.

"Em função da manutenção do cenário atual de forte retração, a empresa precisou adotar novas medidas para garantir a sustentabilidade da sua operação no país. Uma delas é o ajuste da cadência de produção no Complexo Industrial de Resende e, com isso, a interrupção de um turno. Uma parte da equipe será alocada em outro turno, mas, infelizmente, não será possível integrar todos os postos de trabalho", diz a nota divulgada pela Nissan, em que confirma a demissão de 398 empregados.

Segundo Soares, a Nissan foi a primeira das montadoras do Sul Fluminense em demitir em meio à crise da covid-19.

Além da japonesa, a região abriga fábricas da MAN Latin América, antiga Volkswagen Caminhões e Ônibus, e da PSA Peugeot-Citröen. Todas as empresas pararam suas produções e recorreram a medidas trabalhistas emergenciais criadas pelo governo federal, como suspensão dos contratos de trabalho e redução dos salários com redução de jornada, disse o vice-presidente do sindicato.

"Todas as montadoras recorreram a medidas (de flexibilização trabalhista criadas pelo governo), chamaram o sindicato e tentaram alternativas. A Nissan optou por outro caminho, fez aquilo que achava que tinha que fazer e não chamou o sindicato", afirmou Soares.

Soares informou ainda que está marcada, ainda para a tarde desta segunda-feira, uma reunião com a direção da Nissan. O objetivo do sindicato é reverter as demissões. Conforme Soares, na semana passada, circulou na cidade a informação de que poderia haver demissões na fábrica, até um total de 600 trabalhadores.

O sindicato procurou representantes da área de recursos humanos da empresa, que negaram a informação. Apesar da negativa, empregados da Nissan começaram a ser comunicados de demissão em suas casas nesta segunda-feira, contou Soares. Procurada, a Nissan ainda não respondeu se poderá haver mais demissões.

Segundo o líder sindical, a fábrica da Nissan tem de 1,9 mil a 2 mil funcionários. Soares lembrou ainda que a estratégia de negócios da montadora japonesa no País já vinha passando por problemas desde o ano passado, quando, a partir de março, o acordo comercial automotivo entre Brasil e México passou a permitir o livre-comércio de veículos leves, após o fim de um sistema de cotas, que permitia tarifa zero até uma quantidade máxima de unidades por ano.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) defendia a prorrogação, por mais três anos, do sistema de cotas, alegando que a competitividade da indústria brasileira é muito inferior à do parceiro, que tem carga tributária interna menor, infraestrutura mais eficiente e elevada escala, por exportar a maior parte de sua produção para os Estados Unidos.

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