Negócios

Nippon e Gerdau negociam fatia na Usiminas, segundo fontes

As duas empresas tentam bloquear a oferta de R$ 5 bilhões da CSN por uma participação na Usiminas

Fábrica da Nippon Steel: a decisão da empresa de ter o controle da Usiminas ajudaria a empresa japonesa a prosseguir em seu planos de expansão global (Jiji Press/AFP)

Fábrica da Nippon Steel: a decisão da empresa de ter o controle da Usiminas ajudaria a empresa japonesa a prosseguir em seu planos de expansão global (Jiji Press/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2011 às 14h38.

São Paulo - A Nippon Steel Corp., maior siderúrgica do Japão, e a Gerdau SA estão em negociações para tentar bloquear a oferta de R$ 5 bilhões da Cia. Siderúrgica Nacional SA por uma participação na Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais SA, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto.

A Nippon Steel quer exercer seu direito de preferência e comprar a fatia de seus parceiros no grupo que controla a Usiminas para tentar impedir a oferta feita pela CSN pelo controle da empresa, disseram as pessoas. Elas pediram anonimato pois as negociações são privadas. Após a operação, a Nippon venderia à Gerdau os 26 por cento do capital votante que hoje está nas mãos da Camargo Corrêa SA e do Grupo Votorantim.

A CSN, terceira maior siderúrgica brasileira, vem comprando em bolsa ações da Usiminas pelo menos desde janeiro. Na ocasião, disse que poderia aumentar sua participação na concorrente a um nível que levaria a mudanças na administração ou na estrutura de controle. A decisão da Nippon de impedir a entrada da CSN e ter o controle da Usiminas ajudaria a empresa japonesa a prosseguir em seu planos de expansão global, segundo o analista Kazuhiro Harada.

“O Brasil é uma das poucas bases importantes para a Nippon, que quer se expandir mundialmente”, disse Harada, analista sênior na SMBC Nikko Securities Inc. A Usiminas “está em melhor posição para ter como alvo os Estados Unidos, a América Latina, Europa e África.”

Fatia de 26 por cento

As ações ordinárias da Usiminas subiam 2,5 por cento, para R$ 25,00, às 10:24 em São Paulo, após ganho de 4,6 por cento ontem. Os papéis preferenciais estavam em alta de 1,7 por cento, para R$ 11,90. As ações da CSN subiam 1,2 por cento, para R$ 15,50, enquanto a Gerdau avançava 2,6 por cento, para R$ 14,18.

O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, está em negociações com a Camargo Corrêa e Votorantim e ofereceu comprar as ações ordinárias dos dois grupos por R$ 40 cada, o que representaria um valor de R$ 5 bilhões para a fatia de 26 por cento, disseram as pessoas.

A Gerdau tem mais chances de conseguir o apoio do governo para liderar uma consolidação no setor e concorrer em melhores condições no mercado global, disseram as pessoas. O governo tem buscado fortalecer o setor de siderurgia e aumentar a oferta de aço usado em construções e projetos de infraestrutura, em preparação para a Copa do Mundo de 2014 e para a Olimpíada de 2016.

Oferta bloqueada

A Nippon Steel, sediada em Tóquio, quer bloquear a oferta após um desentendimento com a CSN sobre a administração da unidade de minério de ferro Namisa, na qual eram parceiras, segundo as pessoas. Em 2008, a Nippon Steel formou um grupo com a Posco e com a Itochu Corp. para comprar da CSN 40 por cento da Namisa por US$ 3,12 bilhões. A Nippon Steel vendeu sua participação em junho.

A CSN disse em 19 de agosto que elevou sua participação na Usiminas para 15,15 por cento das ações preferenciais e para 11,29 por cento das ações ordinárias. A Nippon Steel, a Camargo Corrêa, a Votorantim e a Mitsubishi Corp. controlam a Usiminas com 53,8 por cento dos papéis com direito a voto.

A empresa japonesa também está avaliando realizar uma oferta pela fatia de 10,1 por cento na Usiminas hoje em poder do fundo de pensão dos funcionários da siderúrgica, participação que a CSN também está tentando comprar, disseram as pessoas. Segundo elas, o fundo contratou o Credit Suisse Group AG para coordenar a venda.

Reunião com governo

A Usiminas procurou apoio do governo brasileiro para bloquear a tentativa de tomada de controle da CSN, disse ontem um integrante do governo com conhecimento do assunto. Representantes da Usiminas e das agências antitruste dos ministérios da Fazenda e da Justiça se reuniram na semana passada para discutir a compra da participação, disse a pessoa. Ela pediu anonimato porque as reuniões foram privadas.

A Usiminas confirmou a reunião com representantes do governo em comunicado enviado ontem por e-mail. O encontro foi para “buscar esclarecimentos sob a ótica concorrencial” após as compras de ações da CSN.

Em e-mail enviado por sua assessoria de imprensa, a Gerdau disse que “reafirma sua posição de não estar envolvida em negociações para a aquisição da Usiminas”. Assessores de imprensa da CSN e da Usiminas não quiseram fazer comentários para esta reportagem. Hiroshi Nakashima, porta-voz da Nippon Steel, também não quis comentar o assunto.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas abertasEmpresas brasileirasEmpresas japonesasGerdauNegociaçõesNippon SteelSiderurgiaSiderurgia e metalurgiaSiderúrgicasUsiminas

Mais de Negócios

Startup de crédito para construção recebe R$ 120 milhões e mira triplicar faturamento em 2025

Ex-CEO do YouTube descreve luta contra o câncer em carta; leia

10 frases de Thomas Edison para inspirar futuros empreendedores

Do burnout à criação da primeira marca brasileira de roupa íntima para adolescentes