Mario Augusto Sá, da NG.Cash: “30% da nossa base já fez 18 anos”
Repórter
Publicado em 16 de julho de 2025 às 06h00.
Última atualização em 16 de julho de 2025 às 14h10.
A NG.CASH, fintech brasileira focada em adolescentes e jovens adultos, acaba de concluir uma rodada Série B de R$ 150 milhões (US$ 26,5 milhões). Assim como os seus clientes, a startup encara um novo desafio: amadurecer.
Isso porque a Geração Z, aproximadamente entre 15 e 30 anos, está envelhecendo. Agora, querem crédito, consórcio e empréstimos, além de ferramentas de IA para resumir gastos e indicar os investimentos mais vantajosos.
“30% da nossa base já fez 18 anos, e agora precisamos continuar acompanhando a jornada financeira deles”, afirma Mario Augusto Sá, CEO e fundador da empresa. Hoje, a NG tem 7 milhões de usuários.
Com a nova rodada de investimentos, a empresa pretende expandir a oferta de produtos voltados para jovens adultos, incluindo cartões pós-pagos e consórcios voltados para bens de consumo como celulares, motos e até videogames.
Além disso, a NG.CASH tem focado na ampliação de sua base de usuários. Após adquirir a base da Z1 no início de 2025, uma plataforma voltada para o público jovem, a fintech busca agora manter o ritmo de crescimento.
O novo aporte foi liderado pela NEA (New Enterprise Associates), uma das maiores gestoras de investimentos do mundo, com mais de US$ 25 bilhões sob gestão e um portfólio de empresas de destaque como Robinhood, Perplexity e Duolingo.
Outros investidores relevantes incluem a Quantum Light, de Nikolay Storonsky, fundador da Revolut, e a Monashees, que já acompanha a NG.CASH desde os primeiros passos.
Também participaram os fundos Andreessen Horowitz (a16z), Endeavor Catalyst e Daphni.
Há razão para o interesse dos fundos globais em uma fintech brasileira. A maioria dos bancos tradicionais não oferece cartões para menores de idade, somente vinculados a conta de um dos pais. É um nicho pouco explorado e que, daqui a alguns anos, entrará oficialmente no mercado de trabalho.
“Temos 250 bilhões de dólares de valor de mercado a ser desbloqueado na geração abaixo dos 30 anos, cerca de 100 milhões de jovens”, calcula Sá. O executivo vê grande potencial no atendimento a esse público, ainda 'mal-atendido' pelos bancos tradicionais.
A NG.CASH nasceu a partir de uma parceria entre Mario Augusto Sá, Antônio Nakad, Victor Trindade e Petrus Arruda, na época estudantes da PUC-Rio, e o professor de empreendedorismo, Luís Felipe Carvalho.
A ideia inicial era criar uma solução financeira voltada para o público jovem, um mercado ainda pouco explorado pelos bancos tradicionais. Criaram a Trampolim, de banking as a service, posteriormente vendida para a Stone em 2020.
O negócio com a Stone não só deu os recursos necessários, mas também aproximou os fundadores de André Street, ex-CEO da Stone, que, anos depois, se tornaria o primeiro investidor-anjo da NG.CASH.
"No momento em que vendemos a Trampolim, sabia que queria algo novo", conta Sá, na época com 23 anos. Quando era adolescente, acumulou milhões de seguidores em um canal no YouTube. Ser um creator tão jovem o fez entender as necessidades das novas gerações.
"Eu sabia que os bancos tradicionais não estavam atendendo as necessidades dessa galera. Eles precisavam de algo mais ágil, mais digital", afirma. Assim, em 2021, a NG.CASH abriu oficialmente as portas.
A personalização é um dos grandes trunfos da fintech. A ideia é criar uma experiência financeira que fale diretamente com o usuário, desde a interface do app até os produtos oferecidos.
"Não queremos ser o banco cheio de botão, onde o usuário se perde em uma infinidade de opções", diz Sá. O foco é oferecer o básico de forma clara e sem taxas escondidas, como as novas gerações gostam.
Assim, a NG.CASH não só atende às necessidades financeiras, mas também conecta-se aos valores da Geração Z, como autonomia, personalização e praticidade.
Também estão atentos ao que está por vir: a Geração Alfa, nascidos a partir de 2010, lentamente se torna clientela da NG. Por enquanto, segundo Sá, o período de transição entre uma geração e outra faz com que os hábitos de consumo sejam bastante semelhantes.
No longo prazo, o olhar da empresa não se limita às fronteiras brasileiras. Sá aponta a América Latina como um mercado promissor, dada a similaridade das necessidades dos consumidores jovens na região.
“A dor de acesso ao dinheiro eletrônico existe em toda a região, e a nossa missão é levar uma ferramenta adaptada para essa realidade”, afirma.