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Neve em São Paulo? Parque que faz nevar em Gramado chegará em SP com investimento de R$ 200 milhões

Com parque de neve indoor maior que o de Gramado, o grupo Gramado Parks projeta inauguração em São Paulo em dois anos

Ronaldo Beber, CEO do Gramado Parks: "A ideia é levar a experiência Snowland para mais brasileiros" (Leandro Fonseca /Exame)

Ronaldo Beber, CEO do Gramado Parks: "A ideia é levar a experiência Snowland para mais brasileiros" (Leandro Fonseca /Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de julho de 2025 às 17h18.

Última atualização em 2 de julho de 2025 às 17h31.

O grupo Gramado Parks, dono do famoso parque com neve artificial Snowland, vislumbra um novo capítulo em sua história. A companhia se prepara para abrir seu primeiro parque em São Paulo, onde esqui, snowboard e temperaturas negativas estarão ao alcance dos paulistas. O projeto tem previsão de dois anos de obras e um investimento de mais de R$ 200 milhões.

O parque é uma das atrações mais procuradas em Gramado. Com roupas térmicas, pista de patinação e equipamentos de esqui, clientes de todas as idades se divertem em temperaturas negativas. Ali dentro tem neve todos os dias (até no verão).

O local da construção do novo parque ainda não foi revelado, mas espera-se que a unidade em São Paulo seja maior do que a de Gramado e inclua um hotel nas proximidades.

A aposta no mercado paulista é estratégica: a maior cidade do país, com grande demanda por entretenimento, recebe agora o único parque com neve indoor da América Latina.

Depois de atravessar um período de reestruturação, que incluiu a recuperação judicial devido a dívidas que chegaram a R$ 452 milhões, o Gramado Parks aposta na ampliação de sua operação para se consolidar como principal referência de parques temáticos no Brasil.

"A ideia é levar a experiência Snowland para mais brasileiros e criar uma referência nacional de entretenimento", diz o CEO Ronaldo Beber.

O setor de parques de diversão e atrações turísticas no Brasil prevê R$ 9,4 bilhões em investimentos até 2028 para a criação de 78 novos projetos em todo o país.

O Snowland e os novos parques temáticos representam uma fatia importante dessa onda de investimentos, já que atraem turistas nacionais e internacionais, e reforçam a competitividade do Brasil como destino de entretenimento no mercado global.

Gramado Parks vai além dos parques

Quem entra em Gramado, na serra gaúcha, rapidamente é impactado por algum dos negócios do Gramado Parks. A empresa é da família fundadora do Café Colonial Bela Vista, o primeiro café desse estilo na turística cidade gaúcha.

A família resolveu ampliar suas operações em 2013, quando abriram o Snowland, um parque de neve indoor. Além disso, a companhia tem o Acquamotion, parque aquático indoor, e o Acqueventura, na Praia dos Carneiros, em Pernambuco.

A partir de 2018, a empresa passa a fazer, também, hotéis. Hoje, são três em Gramado: Buona Vitta Gramado, Bella Gramado e Exclusive Gramado. Se aventurou também na gastronomia, com os restaurantes Don Milo, Opiano, Signature e DonaLira.

Hoje, a empresa também opera as rodas-gigantes Yup Star em Foz do Iguaçu, no Paraná, e no Rio de Janeiro.

O pedido de recuperação judicial

A pandemia de covid-19 afetou gravemente a operação, forçando a empresa a recorrer à recuperação judicial em 2023, com dívidas que somavam R$ 452 milhões.

O processo de recuperação judicial teve como foco a reestruturação da dívida, a readequação da estrutura de capital e a reorganização financeira para garantir a continuidade das operações.

A aprovação do plano de recuperação em 2024, com o apoio de 98,5% dos credores, foi um marco importante, permitindo que a Gramado Parks superasse a crise e se preparasse para uma nova fase de expansão.

A empresa passou a focar na redução de passivos e na melhoria de sua liquidez. A reestruturação financeira incluiu a redução das obrigações de curto prazo e a ampliação do ativo circulante, com a entrada de R$ 100 milhões em estoques de multipropriedade, garantindo fôlego para os próximos investimentos.

"Conseguimos tomar as ações necessárias para reorganizar a estrutura financeira da empresa. A aprovação do plano de recuperação representa um marco importante para o futuro da Gramado Parks. A reestruturação nos deu a base necessária para olhar com confiança para o crescimento e a expansão", diz Beber.

A retomada dos resultados positivos

Em 2024, o faturamento total da operação foi de R$ 108 milhões, impactado pelas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul e pela redução de visitantes em algumas atrações.

A empresa conseguiu mitigar esses efeitos com uma redução de 70% nas despesas administrativas, o que impulsionou a melhoria da margem operacional e a maior eficiência geral.

Embora algumas receitas tenham sido afetadas, a gestão eficaz de custos e as ações de reestruturação garantiram a manutenção da saúde financeira do grupo. O setor hoteleiro, por exemplo, teve um crescimento de 40% nos últimos quatro anos, consolidando o modelo de multipropriedade, enquanto a gastronomia se manteve robusta, com impacto mínimo.

O Snowland, principal atração do grupo, enfrentou um ano difícil, com queda de 36% no faturamento líquido, totalizando R$ 74 milhões. A diminuição do turismo na serra gaúcha no ano passado impactou negativamente os resultados, mas o parque manteve lucro líquido de R$ 40 milhões, com aumento da margem Ebitda.

No último ano, o parque de neve indoor recebeu 580 mil visitantes, e a expectativa é de chegar a 800 mil visitantes anuais.

"O  Snowland manteve uma margem Ebitda de 58%, refletindo uma gestão eficiente, mesmo com os impactos das enchentes e a redução de turistas internacionais", diz o CEO.

Com a expansão do Snowland para São Paulo, o grupo projeta uma nova fase de crescimento. A expectativa é atrair mais visitantes e conquistar novos mercados, consolidando sua posição como referência em entretenimento no Brasil.

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