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Netflix prova que pode aumentar preços sem perder clientes

A Netflix antigamente temia perder clientes se aumentasse os preços de seu serviço de streaming. A situação mudou.

Pessoa assiste à Netflix na televisão (Daniel Acker/Bloomberg)

Pessoa assiste à Netflix na televisão (Daniel Acker/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 17 de abril de 2018 às 10h51.

Última atualização em 17 de abril de 2018 às 15h26.

A Netflix antigamente temia perder clientes se aumentasse os preços de seu serviço de streaming. A situação mudou.

A empresa registrou o primeiro trimestre mais forte desde que abriu o capital há 16 anos, apesar de ter aumentado os preços para a maioria de seus clientes nos últimos meses. A Netflix, com sede em Los Gatos, na Califórnia, adicionou 7,41 milhões de usuários no período, de acordo com um comunicado divulgado na segunda-feira, superando amplamente as projeções dos analistas.

O aumento dos preços possibilitou à Netflix elevar as vendas em 40 por cento no último trimestre e calar os investidores que se preocupavam com a dinheirama que a empresa gasta em seriados e filmes originais. A Netflix vai gastar de US$ 7,5 bilhões a US$ 8 bilhões em programação neste ano para atrair mais clientes para sua rede de TV on-line, que agora conta com 125 milhões de assinantes em todo o mundo.

"Você precisa conquistar isso com um conteúdo espetacular", disse o CEO Reed Hastings em uma teleconferência com investidores. "Se você fizer isso, você pode conseguir que as pessoas paguem mais, porque assim podemos investir."

Hastings não se esqueceu de quando um aumento de preço quase derrubou a empresa. O preço das ações caiu drasticamente e os usuários cancelaram a assinatura durante alguns meses em 2011, depois que a empresa separou seu serviço de streaming do serviço de aluguel de DVD por correio, uma medida que provocou um aumento de preço de 60 por cento para os clientes que queriam manter os dois.

Página virada

No entanto, um segmento crescente da população já virou a página e está substituindo os serviços de TV ao vivo pela biblioteca sob demanda da Netflix, mesmo que o preço médio da assinatura nos EUA tenha subido 12 por cento no ano passado. A popularidade do serviço aumentou nos EUA quando a Netflix passou a financiar seriados originais, como "House of Cards" e "Orange is the New Black".

A carteira de produção cresceu para níveis que rivalizam com as maiores empresas de mídia do planeta. A Netflix lançará cerca de 700 títulos originais neste ano, incluindo cerca de 80 filmes (mais do que qualquer estúdio cinematográfico), mais de um especial de stand-up por semana e a mesma quantidade de programas sem roteiro que qualquer canal a cabo dos EUA.

Essa produção crescente justifica os aumentos de preços, segundo a Netflix. A assinatura de US$ 9,99 por mês fazia sentido quando a Netflix produzia a mesma quantidade de programas que a HBO, que custa mais do que isso, mas a empresa agora pode oferecer aos clientes tantos programas novos quanto vários canais a cabo juntos.

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