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Nestlé tem mais desafios após fusão de US$ 5 bi da Mondelez

Para a empresa, a vida acaba de ficar mais difícil no topo do setor de café


	Sede da Mondelez: a maior fabricante de café do mundo enfrenta uma nova número dois após a Mondelez International fechar o acordo
 (Divulgação/Mondelez)

Sede da Mondelez: a maior fabricante de café do mundo enfrenta uma nova número dois após a Mondelez International fechar o acordo (Divulgação/Mondelez)

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Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2014 às 14h51.

Para a Nestlé SA, a vida acaba de ficar mais difícil no topo do setor de café, um mercado que movimenta US$ 81 bilhões.

A maior fabricante de café do mundo, que obtém cerca de um quinto de seus US$ 100 bilhões em vendas com café, enfrenta uma nova número dois após a Mondelez International Inc. fechar um acordo para combinar sua unidade de café com a D.E Master Blenders 1753 BV.

A nova empresa, Jacobs Douwe Egberts, é o mais recente passo da dona da Master Blenders, a JAB Holding Co., de criar uma potência global impulsionada pelo café em uma das poucas áreas vibrantes do setor de alimentos e bebidas, de US$ 1 trilhão.

Isso cria uma dor de cabeça para a Nestlé -- que tem sede em Vevey, Suíça --, cujos negócios de café desaceleraram nos últimos tempos após impulsionarem uma expansão da receita e da margem em boa parte da última década.

O crescimento das vendas na unidade que inclui a maior parte do portfólio do café caiu pela metade, enquanto a divisão do Nespresso, um produto servido em porções individuais, perdeu participação de mercado para imitadores na Europa e não conseguiu progresso nos EUA.

“A Nestlé agora tem uma concorrência propriamente dita, justamente no momento em que enfrenta dificuldades”, disse Jonny Forsyth, analista da Mintel, em entrevista por telefone. “Eles deveriam se preocupar”. A Nestlé preferiu não comentar sobre a nova companhia.

A fusão é a maior em um setor que vem se consolidando rapidamente nos últimos cinco anos, com mais de 100 negócios avaliados em quase US$ 23 bilhões, segundo dados compilados pela Bloomberg. O maior desses negócios foi a própria aquisição da D.E Master Blenders 1753 NV pela JAB, no ano passado.

Com vendas de US$ 7,3 bilhões de marcas como Jacobs, Carte Noire, Douwe Egberts e Senseo, a entidade combinada controlará 16,3 por cento das vendas globais de café, contra 22,7 por cento da Nestlé, segundo a Euromonitor.

Conforme medido pelo volume de café vendido, a nova empresa será ainda maior que a Nestlé, disse a Euromonitor.

Mais de 40 por cento de sua receita vem do café torrado e moído, enquanto o setor de porções individuais, o pedaço de mais rápido crescimento do mercado, responde por menos de um quinto.

Reduto europeu

A Europa será o reduto da Jacobs Douwe Egberts, com lideranças na França, na Bélgica e nos Países Baixos e o segundo lugar na Alemanha e no Reino Unido. A nova empresa também irá melhorar sua presença na China, onde a Nestlé tem mais de 50 por cento do mercado, disse Forsyth.

O presidente da Master Blenders, Bart Becht, disse que a nova empresa buscará superar o ritmo do setor do café como um todo, que segundo a Euromonitor cresceu 6,9 por cento no ano passado.

Uma peça fundamental do negócio é o Brasil, mercado mais atrativo do mundo, segundo a Wells Fargo, porque a classe média do país, em ascensão, está escolhendo blends mais caros.

O porftólio combinado representa uma “ameaça bastante real” à Nestlé, disse Hope Lee, analista da Euromonitor. O negócio de café da Nestlé passou do quente para o morno.

O crescimento das vendas de suas bebidas em pó e líquida desacelerou para 4,6 por cento, excluindo o impacto de oscilações cambiais e aquisições do ano passado, contra 8,9 por cento em 2012 e 13 por cento em 2011.

A concorrência na Ásia foi “intensa”, enquanto na Europa foi “difícil” porque as marcas mais baratas espremeram os preços da empresa, disse a Nestlé, em fevereiro.

O certo é que a Nestlé tem vantagens em relação à nova concorrente. Suas margens de lucro operacional para o café regular são de mais de 20 por cento e para o Nespresso, de mais de 30 por cento, estima a firma de consultoria Helvea SA.

Na Jacobs Douwe Egberts, as margens serão de em torno de 18,3 por cento, estima o analista David Hayes, da Nomura. Integrar as unidades também criará perturbações.

Contudo, a concorrência pode esquentar ainda mais se o CEO Becht fechar algum outro negócio.

O café “é nosso pão com manteiga”, disse ele. “Uma maior consolidação na indústria do café oferece possibilidades para nós, por isso continuaremos buscando oportunidades no futuro”.

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