Negócios

Nesta cervejaria de SC, as mulheres já são a maioria dos clientes. E a empresa quer mais

Cervejaria quer ter 60 unidades de bares com a marca própria até 2029 pelo Brasil. A expansão começará por Santa Catarina

Joice Pauli e Jorge Luiz Braier, da Stannis: 52% dos consumidores da cervejaria são mulheres (Stannis/Divulgação)

Joice Pauli e Jorge Luiz Braier, da Stannis: 52% dos consumidores da cervejaria são mulheres (Stannis/Divulgação)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 10 de março de 2025 às 11h20.

Por muito tempo, cerveja foi associada a homens. Comerciais reforçavam o estereótipo: copo gelado na mão, futebol na TV e uma mulher ao fundo, quase sempre figurante, ou então, com algum apelo erótico. Mas isso mudou. O consumo feminino disparou nos últimos anos, e algumas marcas perceberam rápido que ali tinha um mercado gigante.

A Stannis, cervejaria de Jaraguá do Sul, no norte de Santa Catarina, entendeu isso antes de muita gente. Hoje, 52% dos clientes são mulheres.

E não foi por acaso. Desde o começo, os fundadores Jorge Luiz Braier e Denis Torizani decidiram que a marca não seguiria o padrão das grandes cervejarias. Nada de rótulos com apelo sensual ou campanhas estereotipadas. Em vez disso, criaram uma identidade que homenageia mulheres reais e inspiradoras.

"Nos incomodava ver a mulher sendo retratada apenas como objeto de desejo", afirma Braier. "Decidimos que nossos rótulos trariam valores que fazem sentido para nós, como força e resiliência".

Um exemplo é o rótulo Scarlett Flanders, que fica um ano em barril de carvalho eslavo. O nome é inspirado na personagem de mesmo nome de "E o vento levou", que também "leva um tempo para amadurecer e mostrar a guerreira que é", como diz a comunicação da empresa. Há também o Little Louisa, inspirado em Louisa May Alcott, uma escritora norte americana muito a frente o seu tempo, que viveu na região da Nova Inglaterra, lutou na guerra civil americana, entre outros feitos.

Agora, a Stannis quer crescer ainda mais. Até 2027, o plano é consolidar a marca em Santa Catarina, abrindo oito novas unidades em cidades como Florianópolis, Blumenau e Joinville. Depois, a ideia é expandir para outros estados com bares pelo modelo de franquia.

Participe já do maior anuário de empreendedorismo do país e tenha sua história contada pela EXAME. Inscreva-se gratuitamente aqui. 

Qual é a história da cervejaria Stannis

Braier não era cervejeiro. Nem queria ser. Formado em design, ele passou anos trabalhando na área até perceber que não era aquilo que queria para o resto da vida. Resolveu estudar gastronomia e, depois de um ano se dedicando à cozinha, acabou conhecendo o universo da cerveja artesanal.

A primeira tentativa foi um fracasso.

"Fiz 12 garrafas e todas foram para o ralo. Uma porcaria", afirma. Mas a persistência falou mais alto.

Ele testou de novo, ajustou receitas e, aos poucos, começou a acertar. Sua mãe, Dona Natália, virou a primeira crítica da nova empreitada.

O próximo passo foi chamar um sócio. Torizani estava na Irlanda e topou entrar no negócio assim que voltou ao Brasil. A ideia inicial não era ter uma cervejaria, mas um bar que vendesse rótulos próprios. O primeiro ponto foi um porão no centro de Jaraguá do Sul, com cara de pub irlandês, lá até hoje.

O sucesso veio rápido. O público gostou das cervejas, do ambiente e, principalmente, da proposta diferente. Quando chegou a hora de crescer, decidiram manter o DNA original.

Cerveja para mulheres?

Na Stannis, qualquer cerveja pode ser para mulheres.

"Não existe cerveja feminina. A mulher bebe o que quiser, seja uma IPA forte ou uma Lager mais leve", diz Braier. Mas a presença feminina na marca vai além do consumo.

A maioria dos rótulos homenageia mulheres que fizeram parte da história da empresa. A Gold Amélia, por exemplo, foi batizada em homenagem à mãe de Torizani e já ganhou prêmios internacionais. A Strong Nataly leva o nome da mãe de Braier. Outras cervejas fazem referência a professoras, escritoras e figuras femininas inspiradoras.

Dentro da empresa, as mulheres também ocupam espaço. Joice Pauli, diretora de expansão da marca, lidera o crescimento da Stannis via franquias.

"Queremos 60 unidades até 2029, mas antes vamos fortalecer nossa presença em Santa Catarina", afirma.

O mercado mudou

O crescimento da Stannis reflete uma mudança maior. O consumo de cerveja entre mulheres cresceu nos últimos anos. Em 2024, uma pesquisa do Clube do Malte mostrou que 21% dos consumidores de cervejas artesanais no e-commerce eram mulheres. Elas também gastam mais: em média, 113 reais por mês com a bebida.

No mercado de cervejas artesanais, a tendência é clara. O Brasil já tem 1.847 cervejarias registradas, e o setor segue crescendo, impulsionado por consumidores que buscam qualidade e diversidade de sabores.

A Stannis percebeu cedo essa transformação. Agora, com novas unidades no radar e um público fiel, a marca quer mostrar que cerveja não tem gênero. "O que importa é a experiência. E isso, quem define, é quem está bebendo", conclui Joice.

Acompanhe tudo sobre:CervejasSanta Catarina

Mais de Negócios

O conselho número 1 de educadora de Harvard que tem 5 fontes de renda e ganha mais de US$ 1 milhão

A fintech de R$ 1 bilhão que dá crédito para quem não tem crédito

Marca de papinhas orgânicas da atriz Jennifer Garner pode abrir capital em 2025

Eles soltavam balões tecnológicos nos ceús. Hoje fazem R$ 26 milhões com visão computacional