Carro Turbi, locadora digital de automóveis por hora (Turbi/Exame)
Karin Salomão
Publicado em 22 de julho de 2020 às 06h00.
Última atualização em 22 de julho de 2020 às 15h31.
Ter um carro próprio, um desejo que vinha encolhendo nos últimos anos, voltou a ser tendência. Com a preocupação em relação ao transporte público e aplicativos de motoristas, por conta dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus, consumidores voltaram a pensar em adquirir um automóvel. Mesmo assim, a locadora digital Turbi aposta em um nicho de mercado: aluguel por um período curto, de poucas horas. Com 700 carros, a locadora realiza uma média de 800 viagens por dia.
Para estimular o uso durante a pandemia, a empresa tirou o valor mínimo de aluguel. Para uma hora de uso de um modelo HB20, por exemplo, o valor mínimo era de 30 reais. Agora, as viagens ficaram mais curtas - e mais frequentes. Em uma pesquisa com os usuários, a Turbi descobriu que 40% dos usuários estavam usando os carros para ir aos mercados - hábito que não era tão comum antes dessa redução de tarifa.
Outra novidade é o lançamento de um test-drive totalmente digital. Em parceria com a rede de concessionárias Osten BMW, será possível testar o novo BMW M235i xDriveGran Coupé, modelo recém-lançado no país.
O lançamento da fabricante alemã, apresentado pela primeira vez no Salão de Los Angeles no final de 2019, está disponível no Brasil desde maio, na faixa de 300.000 reais. Pela Turbi, o usuário poderá fazer o test-drive digital a partir de 50 reais por hora, sem limitação de horas e distância.
O mercado de locação de automóveis sofreu consideravelmente durante a crise gerada pela pandemia. Nos Estados Unidos, a Hertz pediu recuperação judicial. No Brasil, a queda de receita foi de 90%. A Turbi, por ser uma locadora que não precisa de contato humano, caiu 40% no início da pandemia. Atualmente, as receitas estão apenas 20% mais baixas do que o período pré-pandemia.
Uma pesquisa global realizada pela consultoria Capgemini mostra que 35% dos consumidores pensam em adquirir um carro em 2020. No público abaixo dos 35 anos de idade, nota-se a maior intenção, admitida por 45% — uma reversão da preferência histórica por evitar a compra e pagar apenas pelo uso.
A Turbi acredita que as pessoas devem continuar substituindo o carro próprio pelo serviço de aluguel. Segundo uma pesquisa feita pela empresa, cerca de 25% dos donos de carro querem vendê-lo depois da pandemia. O motivo mais comum para essa decisão é não precisar mais se deslocar para o trabalho todos os dias, com o aumento do home office. "O custo fixo de um carro, para usar apenas algumas horas por semana, se torna muito alto", diz Luiz Bonini, diretor de crescimento.
A Turbi não tem locadoras físicas ou funcionários fixos em lojas, o que diminui consideravelmente o custo da operação em comparação com locadoras tradicionais - também deixa a operação mais segura, pois há menos interação entre as pessoas.
Os 700 carros da frota ficam em estacionamentos 24 horas, mas não é necessário ter contato com ninguém na hora de alugar: tudo é feito digitalmente. O carro é reservado pelo aplicativo e, quando o cliente chega ao local, abre o carro também pelo app. Depois do uso, o carro precisa ser devolvido no mesmo local. O plano era chegar a uma frota de 2.000 carros esse ano, mas, por conta da pandemia, a empresa resolveu adiar os investimentos.
O sistema de abertura e fechamento do carro, por enquanto, é feito por uma empresa de tecnologia alemã. Com a variação cambial desde o início do ano, esse custo aumentou e afetou o balanço da Turbi. Agora, a empresa investe para trazer essa tecnologia de internet das coisas para dentro de casa, o que pode reduzir esse custo em 95%. A Turbi também está crescendo no mercado corporativo. Empresas buscam a locadora para substituir a frota de carros própria por programas de locação com a Turbi, diz Bonini.
Leia mais sobre como a pandemia afetou a economia compartilhada nesta edição da revista EXAME.