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Naufrágio do Titanic ainda rende milhões – saiba para quem

Cem anos depois do naufrágio, uma única empresa no mundo detém os direitos de exploração comercial dos destroços do Titanic

Cena de Titanic: tragédia inspira negócios que vão muito além do cinema (Divulgação)

Cena de Titanic: tragédia inspira negócios que vão muito além do cinema (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 10 de abril de 2012 às 06h00.

São Paulo – Lançado em 1997 e dirigido por James Cameron, o filme Titanic faturou 1,8 bilhão de dólares e foi, com certeza, o negócio mais bem-sucedido envolvendo o mais famoso naufrágio da história. Mas Cameron não é o único a lucrar com ele. A americana Premier Exhibitions faz isso há 25 anos – e deve ganhar milhões nesta semana com o navio.

A Premier é a única empresa em todo o mundo a deter os direitos de exploração comercial dos destroços do Titanic, cuja tragédia completa cem anos neste sábado (14).

Desde 1987, a empresa realizou sete expedições até o naufrágio, mas a exclusividade de exploração só foi obtida em 1994, após uma batalha jurídica que culminou com uma decisão favorável da Suprema Corte dos Estados Unidos.

Por meio de sua controlada RMS Titanic Inc, a Premier recolheu um acervo de mais de 5.500 peças retiradas do navio. E é com eles que a empresa obtém parte de seu faturamento. A coleção é a base de uma exposição itinerante sobre a tragédia, que já atraiu 25 milhões de visitantes em todo o mundo.

Águas revoltas

É claro que a exclusividade não foi aceita pacificamente. Além das queixas de outros grupos que desejam explorar comercialmente o Titanic, há também as brigas com os cientistas e arqueólogos.

No ano do centenário do naufrágio, é cada vez maior a pressão para que os destroços se tornem um sítio arqueológico protegido pela Unesco – algo que começa a ser discutido seriamente.

Ciente de que esta é uma batalha praticamente perdida, a Premier prepara sua última cartada para ganhar com o Titanic. Nesta semana, a empresa vai realizar o leilão de todo o seu acervo. As 5.500 peças são avaliadas em, pelo menos, 189 milhões de dólares.


Para arrematá-lo, o comprador precisa se comprometer a não desmanchar a coleção, a fim de preservar o seu valor histórico. Por isso, os maiores candidatos ao leilão são museus, grandes colecionadores e outras empresas privadas que, logicamente, pretendem lucrar com a exposição dos despojos.

Fazendo água

O negócio, diga-se, já não rende tanto à Premier quanto antigamente. Empresa de capital aberto listada na Nasdaq, ela encerrou os nove primeiros meses de 2011 (últimos dados disponíveis) com um faturamento de 24 milhões de dólares – ante os 35 milhões do mesmo período do ano retrasado. No mesmo período, acumulou um prejuízo de quase 3 milhões de dólares, menor que os 7 milhões perdidos entre janeiro e setembro de 2010.

A decisão de vender o acervo do Titanic não agradou aos acionistas, e os papéis da empresa começaram a cair na bolsa americana – afinal, significará uma razoável perda de receita no longo prazo.

A Premier pretende, contudo, apostar em outra atração que mantém em cartaz: a exposição Corpos, que já atraiu 15 milhões de pessoas interessadas em ver cerca de 200 corpos humanos dissecados, que expõem os vários sistemas de que somos compostos. Pelo jeito, a Premier continuará lucrando com o mórbido interesse das pessoas pela morte – só que de outro modo.

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