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Natura traça planos para enfrentar o apetite do Boticário, Jequiti e Avon

Companhia vai investir R$ 300 milhões neste ano em inovação, gestão e logística e planeja ampliar sua fatia de mercado

Carlucci, presidente da Natura: cartas nas mangas para driblar concorrência (Daniela Toviansky)

Carlucci, presidente da Natura: cartas nas mangas para driblar concorrência (Daniela Toviansky)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 22h16.

São Paulo - O mercado brasileiro de vendas diretas este ano ficará mais acirrado. A afirmação é do presidente da Natura, Alessandro Carlucci, que, apesar de admitir que a concorrência tende a piorar, já tem todas as cartas nas mangas para driblar as empresas adversárias. “Vamos investir em inovação, gestão e processo de logística. Temos espaço ainda para aumento o nosso market share”, disse o executivo a jornalistas, nesta quinta-feira (24/2).

Segundo ele, nos dez primeiros meses do ano passado, a participação de mercado da Natura era de 23,6%. A fatia é 1,1 ponto percentual maior que a do mesmo período de 2009. O número fechado do ano ainda não está disponível, porque a Natura aguarda os resultados do setor para calculá-lo. “O balanço final do não deve ser muito diferente dos números que já temos”, diz Carlucci.

O lançamento de novas categorias de produtos também deve fortalecer a atuação da Natura no segmento de vendas diretas. Carlucci afirma que há ainda muitos espaços em brancos a serem preenchidos no portfólio de produtos, e a companhia vai começar a ocupar esses buracos.

“Para se ter uma ideia, cinco anos atrás, a Natura possuía apenas uma linha de batom, com preço único. Hoje, já temos três segmentos diferentes do produto, com diversos valores.”, diz.

Classe C

No Brasil, Natura e Avon lideram o mercado de vendas diretas de cosméticos. Nos últimos tempos, porém, outras empresas planejam se lançar ou fortalecer sua posição nesse mercado, como O Boticário, que criou a marca Eudora, e a Jequiti, do Grupo Silvio Santos.


No geral, essas empresas foram atraídas pela expansão da renda e do emprego, que elevou a novos patamares o poder de consumo dos brasileiros. É a já famosa classe média emergente. Carlucci, no entanto, afirma que a Natura não vai buscar a popularização de seus produtos a qualquer preço. “Batom de 2 reais, a gente não vai vender”, diz.

Investimentos

Os investimentos previstos pela Natura neste ano somam cerca de 300 milhões de reais. O valor é superior aos aportes da companhia feitos em 2009: 236 milhões de reais. O montante será destinado ao desenvolvimento de novos produtos. A inovação ganha papel de destaque na Natura, não apenas para a criação de novas linhas, mas também na busca de avanços tecnológicos, no modelo de produção e logística.

A produção internacional, que vai começar neste ano na Colômbia e México e já está em operação na Argentina, é um dos primeiros passos da companhia para reduzir custos de logística e cobrir melhor outros mercados latinos.

Os investimentos em marketing fora do país também devem começar neste ano, a fim de promover a marca e atrair um número maior de consultoras para a companhia. Em 2010, o número de revendedoras Natura ultrapassou 1,2 milhão.

Concorrentes

Mesmo não citando nomes de nenhum concorrente, Carlucci tem ciência dos desafios que a Natura deve enfrentar daqui para frente. A L’Oréal, por exemplo, afirmou recentemente querer mudar a forma das brasileiras consumirem cosméticos e, para isso, vai ampliar o números de consultoras nas lojas onde a marca é vendida.

Já a Jequiti, maior aposta do Grupo Silvio Santos depois da venda do combalido banco PanAmericano, deve dobrar o faturamento em 2011.E O Boticário, com sua nova marca Eudora, planeja comercializar mais de 300 produtos por meio de venda direta. “Vamos ter que reinventar a Natura, mas vamos continuar a crescer”, afirmou Carlucci.

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