Sandoval Martins, CEO do Buscapé: a Naspers, que não divulgou o valor do acordo, disse que a transação deve ser concluída este ano (Leandro Fonseca/VOCÊ S/A)
Reuters
Publicado em 14 de maio de 2019 às 14h22.
Última atualização em 14 de maio de 2019 às 14h53.
O grupo sul-africano de mídia e tecnologia Naspers concordou em vender seu site brasileiro de comparação de preços Buscapé para a rival Zoom, disse o grupo em um comunicado nesta terça-feira.
A Naspers, que não divulgou o valor do acordo, disse que a transação deve ser concluída este ano. O grupo sul-africano contratou o Citigroup para vender o Buscapé em junho de 2018, como parte de sua estratégia para concentrar seu portfólio em classificados, entrega de comida e startups de tecnologia financeira.
Com essa aquisição, as duas operações atingirão um volume de vendas (GMV) de 5 bilhões de reais em 2019, geradas para mais de 2.000 lojistas clientes. "Reforçamos nosso objetivo de ser um grande parceiro e gerador de venda para os lojistas e atingiremos 30 milhões de usuários por mês com o propósito de ajudar o brasileiro a comprar consciente", comenta Thiago Flores, CEO do Zoom, em comunicado.
O Zoom é uma plataforma de comércio eletrônico que conecta consumidores e lojas confiáveis. Com 15 milhões de usuários mensais, oferece conteúdo sobre os produtos e apoio para a compra, inclusive com a devolução do dinheiro caso haja um problema.
Lançado em novembro de 2011, é uma investida da Mosaico, empresa de investimentos especializada em tecnologia, que pertence aos sócios Guilherme Pacheco, José Guilherme Pierotti e Roberto Malta, fundadores do Bondfaro e ex-sócios do Buscapé
Já a história do Buscapé é mais longa e cheia de percalços. Fundado em 1999 por quatro estudantes, o site sobreviveu ao estouro da bolha da internet em 2000, captou recursos com investidores e tornou-se lucrativo. Chamou a atenção de estrangeiros e acabou sendo comprado pelo grupo sul-africano de mídia e tecnologia Naspers em 2009. Na época, foi avaliado em quase 700 milhões de reais.
No entanto, o Buscapé perdeu faturamento e relevância com a nova onda do comércio e uma sucessão de erros de gestão. Os problemas do Buscapé começaram em 2010. Com o dinheiro injetado pela Naspers, a empresa brasileira comprou 18 startups de diferentes setores e ampliou o número de funcionários de 500 para cerca de 1.200. O faturamento foi multiplicado por cinco e chegou a 550 milhões de reais, em 2013, mas nessa fase de expansão, o Buscapé passou a dar prejuízo.
Em 2014, a companhia realizou uma grande mudança interna para cortar custos. Diminuiu o tamanho da diretoria e fechou negócios que davam prejuízo. No ano seguinte, o Buscapé de fato voltou ao azul. A Naspers decidiu colocar a empresa à venda em 2015, mas nenhum interessado quis pagar os 300 milhões de dólares pedidos.
O grupo sul-africano promoveu uma nova mudança na presidência e elevou Sandoval Martins ao cargo. Mais do que um comparador, a empresa se tornou também um marketplace. No entanto, está em um mercado altamente concorrido, com rivais de peso como Amazon, Magazine Luiza, B2W e Via Varejo. A Naspers colocou o Buscapé à venda novamente em junho de 2018.