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"Não tiro a barriga do balcão", diz Luiza Helena Trajano

"A gente aprende a não ter dinheiro no Brasil. O meu maior medo é perder o jeito Luiza de ser", afirmou ela na Latam Retail Show

Luiza Helena Trajano: executiva falou sobre propósito em palestra (Denis Ribeiro/Abril/Abril)

Luiza Helena Trajano: executiva falou sobre propósito em palestra (Denis Ribeiro/Abril/Abril)

Karin Salomão

Karin Salomão

Publicado em 30 de agosto de 2017 às 13h17.

Última atualização em 30 de agosto de 2017 às 14h19.

São Paulo –A presidente do conselho do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano, já deixou o dia a dia das lojas há muitos anos, mas continua interessada em tudo o que acontece nas mais de 800 unidades da varejista.

Isso porque, segundo ela, o maior risco de uma empresa no Brasil não é a falta de dinheiro. "A gente aprende a não ter dinheiro no Brasil. O meu maior medo é perder o jeito Luiza de ser", afirmou nesta manhã em palestra na Latam Retail Show, que acontece na Expo Center Norte, zona norte de São Paulo.

Por isso, ela ainda recebe emails com reclamações de consumidores, que repassa aos diretores responsáveis. Também mantém uma linha direta de comunicação com a base de lojas. “Não tiro a barriga do balcão”, disse.

Para Luiza, um dos momentos que provou seu comprometimento com os propósitos da empresa foi com o boom do comércio eletrônico.

Enquanto os concorrentes dividiam as suas operações físicas e digitais, como a Via Varejo, braço virtual do Grupo Pão de Açúcar, Luiza acreditava que a empresa valeria muito mais se os dois lados continuassem sob a mesma coordenação.

Ela conta que enfrentou pressão de diretores e acionistas, mas se manteve firme na unidade da companhia. "Quando o dinheiro está lá embaixo, e você recusa uma proposta que parece vantajosa, é porque o propósito é verdadeiro", declarou.

Deu certo. A integração das operações ajudou a empresa a continuar crescendo nos últimos anos, mesmo em um momento de crise.

A plataforma de vendas e estoque é a mesma, assim como os centros de distribuição, logística de transporte e equipe no escritório. O mesmo caminhão que leva o estoque para uma loja em uma determinada região também pode entregar as compras feitas pelo site, por exemplo, o que gera sinergias.

DNA digital

Hoje, a área digital da empresa corresponde a 28% das vendas totais. O resultado é fruto de um trabalho que começou há anos, diz a executiva. "A gente já era digital antes mesmo da internet", declarou.

A primeira loja virtual do Magazine Luiza surgiu em 1991, quando a internet ainda dava seus primeiros passos. A loja não tinha nenhum estoque e funcionava por meio de catálogos. Os fornecedores, segundo Luiza, não acreditavam no modelo. Hoje, a varejista tem 140 lojas virtuais - apenas trocou os catálogos por celulares e tablets.

"Quando a gente quer inovar, não adianta falar para os outros o que quer fazer, porque vão dizer que não vai dar certo. Por isso eu deixei de falar com os outros, vou lá e faço", afirmou.

O maior passo da integração do digital veio quando Frederico Trajano, filho de Luiza Helena Trajano, assumiu a presidência da companhia. Ele iniciou a transformação da empresa de “uma loja física com lado digital para uma empresa digital com pontos de venda físicos”, segundo ele.

As redes sociais também são essenciais para a varejista. O projeto Maga Local incentiva cada loja a ter sua própria página no Facebook e criar campanhas de divulgação dos seus produtos, com prêmios para os vídeos com maior número de engajamento.

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