Coca-Cola: marca quer ajuda pequeno comerciante e consumidor na retomada econômica (Regis Duvignau/Reuters)
Mariana Desidério
Publicado em 21 de agosto de 2018 às 16h37.
Última atualização em 22 de agosto de 2018 às 07h34.
São Paulo – A Coca-Cola nega que tenha ameaçado sair do Brasil por conta de discussões com o governo envolvendo a cobrança de impostos sobre refrigerantes.
Em entrevista a EXAME, o vice-presidente de relações corporativas da companhia, Pedro Rios, afirmou que a multinacional permanecerá no país e continuará a atuar na Zona Franca de Manaus, mesmo que as condições tributárias permaneçam as mesmas.
“A afirmação de que ameaçamos sair do Brasil e da Zona Franca de Manaus não é verdadeira”, disse Rios.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo afirma que a companhia subiu o tom em discussões com o governo, depois que a gestão Temer aumentou a carga de impostos paga pela companhia no país. Segundo a publicação, a companhia ameaçava produzir o xarope de refrigerante em outro país da América Latina. “De forma nenhuma estudamos sair daqui”, rebate o executivo.
A reportagem diz ainda que a Receita Federal investiga por que a fabricante vende o quilo do concentrado por cerca de R$ 200 no mercado interno se exporta o produto por aproximadamente R$ 20.
Em entrevista, a Coca-Cola diz que desconhece essa investigação e que a diferença de preços é bem menor do que a divulgada. “Essa relação de preços não é verdadeira. De qualquer forma existe uma diferença e ela se justifica devido aos custos de se operar em cada país”, explica Rios.
Sendo assim, os custos de operação no Brasil já estão embutidos no preço do concentrado vendido para o mercado interno. No caso do mercado externo, esse custo será agregado em cada país de destino.
Rios nega ainda que a Coca-Cola se beneficie de isenções fiscais no Brasil, em especial na Zona Franca de Manaus. “A carga tributária no Brasil para bebidas é próxima de 40%, é a maior da América Latina. Para se ter uma ideia a média da região é de 27%”, disse.
“Mesmo com os benefícios da Zona Franca de Manaus, o setor de bebidas paga mais de 10 bilhões de reais de imposto no Brasil. Não há beneficio que diferencie o Brasil de outros países”, completou.
A mudança na tributação foi a seguinte: o xarope de refrigerante passou a pagar uma alíquota de 4% de IPI, contra os 20% que eram cobrados anteriormente. Aparentemente, portanto, é uma redução no imposto.
Porém, muitas companhias do setor, em especial as grandes, produzem esse xarope na Zona Franca de Manaus, com isenção de tributos. Então, os 20% de IPI que seriam cobrados dessas companhias na verdade tornavam-se créditos para elas.
A empresa não pagava os 20% porque está na Zona Franca de Manaus. Mas na hora que o xarope sai de Manaus para as engarrafadoras que estão em outros Estados, elas ganhavam um crédito de 20%. Com a nova regra, o desconto passou a ser de 4%.