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'Não quero brigar por preço de ração', diz CEO da Petland ao anunciar loja focada em serviços

Enquanto gigantes disputam preço, a Petland aposta em serviços e experiência para fidelizar clientes e crescer com eficiência em lojas de bairro

Rodrigo Albuquerque, CEO da Petland: “O cliente gosta que conheçam o cachorro dele pelo nome” (Petland/Divulgação)

Rodrigo Albuquerque, CEO da Petland: “O cliente gosta que conheçam o cachorro dele pelo nome” (Petland/Divulgação)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 2 de setembro de 2025 às 11h19.

Última atualização em 3 de setembro de 2025 às 10h01.

A Petland decidiu dobrar a aposta em serviços como motor de crescimento. A rede com foco em lojas de bairro está lançando um modelo focado exclusivamente a banho, tosa e atendimento veterinário preventivo e outro para oferecer serviços dentro de pet shops já existentes. Juntas, essas frentes devem responder por 60% das aberturas até 2026.

A estratégia vai na contramão do movimento dos gigantes do setor, que ainda concentram esforços em megalojas e produtos. Para o CEO Rodrigo Albuquerque, a diferenciação virá do relacionamento com o cliente.

“Não quero brigar por preço de ração. Prefiro investir em experiência, relacionamento e serviços. É isso que vai nos diferenciar”, diz Albuquerque.

Serviços como motor de fidelização

Hoje, 75% dos novos clientes da Petland chegam às lojas em busca de serviços. O segmento já representa 40% da receita das 150 unidades da rede. A meta é chegar a 60% em dois anos. A rede realiza mais de 75 mil banhos por mês e soma mais de 30 mil procedimentos veterinários mensais pela vertical Dra. Mei.

O modelo de assinatura, que já responde por 35% dos banhos, é outro pilar da estratégia. Ele aumenta a frequência média para 3,7 visitas por mês e gera vendas até 11% superiores nas unidades que adotaram o programa.

Além disso, permite reduzir o custo de aquisição de clientes: a Petland afirma investir cerca de R$ 10, valor bem abaixo das concorrentes.

Ajustes ao cenário econômico

A ofensiva em serviços ocorre em meio a um setor que passa por reacomodação. O ciclo de crescimento acelerado iniciado na pandemia perdeu fôlego diante dos juros altos, que encarecem o capital e pressionam os fundos a priorizar rentabilidade em vez de apenas receita.

“Empurramos para 2026 um plano de expansão mais agressivo. Agora, é crescer com eficiência”, diz Albuquerque.

A Petland mantém crescimento médio anual de 23% — um resultado que, segundo o executivo, é superior ao de anos anteriores e mostra resiliência mesmo em um cenário adverso.

A expectativa é que, após a consolidação da fusão entre Petz e Cobasi, o próximo ciclo de expansão do setor seja puxado por lojas menores e de bairro, onde a Petland já está posicionada.

Starbucks no mundo pet

O Petland Studio foi desenhado para ser a principal alavanca dessa fase. Com investimento inicial a partir de R$ 140 mil, a loja compacta tem operação enxuta, mas potencial de mil banhos por mês e R$ 100 mil em serviços.

Albuquerque usou o Starbucks como referência para explicar a experiência que quer criar no Petland Studio. A loja vai oferecer um espaço de espera para os tutores, inspirado no conceito de “terceiro lugar”, aquele ambiente entre casa e trabalho onde as pessoas podem passar tempo, como ocorre nas cafeterias da rede.

“A ideia é criar um ambiente de experiência mesmo, em que o cliente possa até trabalhar enquanto espera. Queremos que o tutor veja a loja como um espaço onde vale a pena passar tempo", diz o CEO.

O empresário planeja oferecer serviços premium para cães e gatos. “Não é só sobre higiene. Estamos falando de musicoterapia, ofurô e experiências premium para pets”, diz.

Já o Banho by Petland foi criado para atender pet shops que já operam em seus bairros, mas carecem de diferenciação. Com investimento a partir de R$ 20 mil, o formato oferece a marca, o CRM e a tecnologia da Petland, além de reduzir custos na compra de insumos.

Metade das unidades da rede nasceu a partir da conversão de pet shops independentes.

“É uma forma rápida de mostrar resultado. E amanhã, essa mesma loja pode virar uma Petland completa”, afirma o CEO.

Conveniência, personalização e serviços

Nas megalojas, o consumidor busca variedade, preço e estacionamento. No e-commerce, prazos de entrega e descontos. Já nas lojas de bairro, a decisão de compra passa por conveniência, personalização e serviços. “O cliente gosta que conheçam o cachorro dele pelo nome”, resume Albuquerque.

Desde 2021, a Petland conta também com o Grupo Jereissati como sócio, com 25% da operação. A holding, controladora do shopping Iguatemi, entrou no auge do boom de investimentos no mercado pet, reforçando a governança da franqueadora e impulsionando sua expansão.

Com o novo plano, a Petland pretende consolidar-se como referência em serviços no setor, uma avenida menos exposta à guerra de preços e com maior potencial de fidelização.

“Enquanto outros brigam por desconto, nós construímos vínculo. E vínculo é o que garante o futuro”, conclui Albuquerque.

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