Jato Embraer 190 da Azul: a empresa ameaça deixar de comprar novos aviões da Embraer (Mario Roberto Duran Ortiz/Wikimedia)
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2014 às 12h35.
Brasília - O presidente da Embraer, Frederico Curado, minimizou a discussão em torno da Medida Provisória 652, que trata de aviação regional, e disse que ela não visa a beneficiar nenhuma empresa.
A Azul ameaça deixar de comprar novos aviões da Embraer e suspender as encomendas dos jatos de segunda geração, se as mudanças feitas no plano de aviação regional forem aprovadas no Congresso Nacional. A MP 652 pode ser votada nesta terça-feira, 11.
O texto do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA), relator da comissão mista criada para analisar o projeto, prevê que as empresas recebam subsídio para 50% dos assentos oferecidos em rotas regionais. Na versão original, a proposta era subsidiar metade dos assentos, limitados a 60 lugares.
Curado esclareceu que a Azul não é obrigada a comprar os aviões. "Nós assinamos com a Azul em julho uma ordem para 30 aviões. Estamos em fase de discussão contratual e a Azul não é obrigada a comprar aviões da Embraer. Acreditamos em mercado competitivo livre. É assim que Embraer atua e sobrevive pelo mundo", disse.
"Se houver a demanda no Brasil por aviões menores, em função de estimulo à aviação regional, estaremos brigando para vencer. Se não houver estímulo, continuaremos a vida normalmente".
O presidente da Embraer afirmou que há um ponto de confusão no assunto e que a medida provisória não especifica limite de assentos. "Não há um número. O que tem ali é uma medida de incentivo à aviação regional", disse.
"O entendimento do governo, com o qual concordamos, é que a aviação é um elemento de desenvolvimento econômico também, além de social. O incentivo a aeroportos menores é incentivo à sociedade e não a empresas".
"A Embraer compete no mundo inteiro em aviação regional. No Brasil, também temos essa liderança através da Azul que é a empresa que tem a rota mais ampla no Brasil, com características regionais", afirmou Curado.
Ele reforçou que o incentivo à aviação regional beneficiaria a empresa, mas disse que a companhia não depende exclusivamente do mercado brasileiro.
"Se há expansão da rede regional no Brasil, a expectativa é que empresas possam explorar esses mercados e, potencialmente, há demanda maior para Embraer", disse, acrescentando que a empresa iria competir com ATR ou Bombardier.
"Competimos com Bombardier, ATR e japoneses e russos no mundo inteiro. A Embraer tem no Brasil coisa de 10% a 12% de sua receita. Não se trata de nenhum protecionismo, se trata de fomento ao desenvolvimento de mercado de aviação regional, que está subdesenvolvido hoje", afirmou.
"Caso isso venha a acontecer, é o nosso dia a dia. Vamos concorrer com concorrentes internacionais na busca de clientes, seja Azul, Gol, TAM, qualquer empresa".
KC390
Questionado sobre o KC390, Curado afirmou que a expectativa é voar antes do fim do ano, apesar de não ter uma data definida. Segundo ele, os primeiros países para os quais a companhia tentará vender a aeronave são Argentina, República Tcheca, Chile, Colômbia e Portugal.
Curado, que também é presidente da seção brasileira do Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (Cebeu), participou na manhã desta terça da reunião anual do conselho, na sede da Confederação Nacional da Indústria (CNI).