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'Não contrate humanos': eles têm menos de 30 anos e R$ 120 milhões para substituir vendedores com IA

A startup americana Artisan acaba de receber um aporte de US$ 25 milhões para desenvolver agentes de inteligência artificial, mas o que chama atenção mesmo é o slogan provocativo da marca

Jaspar Carmichael-Jack e Sam Stallings, fundadores da Artisan: os jovens americanos têm 23 e 30, respectivamente (Artisan/Divulgação)

Jaspar Carmichael-Jack e Sam Stallings, fundadores da Artisan: os jovens americanos têm 23 e 30, respectivamente (Artisan/Divulgação)

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter

Publicado em 10 de abril de 2025 às 08h18.

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A dupla de fundadores Jaspar Carmichael-Jack, 23, e Sam Stallings, 30, está revolucionando o mercado de vendas com a Artisan, uma startup que usa inteligência artificial para automatizar tarefas repetitivas de prospecção. Recentemente, a empresa recebeu R$ 120 milhões (US$ 25 milhões) para acelerar seu crescimento, mas o que realmente chama a atenção é a campanha ousada que a empresa usou para se destacar.

A Artisan apostou em um slogan provocativo: "Stop Hiring Humans" ("pare de contratar humanos", em português). No entanto, Carmichael-Jack e Stallings deixam claro que a intenção não é eliminar os vendedores humanos, mas potencializar seu trabalho. A IA da Artisan foi criada para ajudar, e não substituir.

Anúncio da Artisan em São Francisco, EUA: "Os artesãos não vão reclamar sobre equilibrar vida pessoal e trabalho" (Justin Sullivan/Getty Images)

Como tudo começou?

Com 250 clientes e uma receita anual de R$ 25 milhões, a Artisan tem se consolidado como uma das startups mais inovadoras no mercado de automação de vendas. Seu principal produto, a Ava, é uma ferramenta que utiliza IA para automatizar a prospecção, enviando e-mails personalizados e qualificando leads, permitindo que os vendedores foquem em tarefas mais estratégicas. No entanto, a trajetória até aqui não foi simples.

O começo foi desafiador. "Nosso primeiro produto era um desastre", disse Carmichael-Jack ao TechCrunch. A startup enfrentou uma taxa de resposta muito baixa, o que resultou em uma alta taxa de cancelamento entre os primeiros clientes. “Tínhamos muitos clientes que desistiram porque a ferramenta não entregava o que prometíamos”, explica. Além disso, a IA gerava erros frequentes, o que prejudicava a credibilidade da empresa.

Com muito esforço, a Artisan refiou seus algoritmos e buscou parcerias estratégicas para melhorar a performance da tecnologia. A colaboração com a Anthropic foi um marco importante nesse processo, ajudando a melhorar a precisão do produto. Hoje, a Ava consegue enviar milhares de e-mails com uma taxa de erro mínima.

Com o aporte de R$ 120 milhões, a Artisan planeja expandir ainda mais suas operações e lançar novos produtos. Entre as novidades estão Aaron, um agente de IA para gerenciar mensagens recebidas, e Aria, um assistente para agendamentos, ambos previstos para o final de 2025.

Anúncio da Artisan em São Francisco, EUA: "Pare de contratar humanos" aparece em cartaz (Artisan/Divulgação)

A Artisan vai substituir humanos?

Apesar do slogan polêmico, a proposta da Artisan nunca foi substituir os profissionais de vendas. Carmichael-Jack e Stallings acreditam que a IA pode liberar os humanos das tarefas repetitivas e permitir que se concentrem em atividades de maior valor estratégico. “A IA deve ser uma ferramenta que potencializa o trabalho humano, não uma substituta”, afirma Carmichael-Jack.

A próxima etapa da Artisan inclui expandir sua presença, especialmente nos Estados Unidos, com planos de atingir novos mercados até 2026. A empresa também continua a investir no desenvolvimento de novas ferramentas que podem transformar ainda mais a dinâmica das vendas.

O que são agentes de IA?

Os agentes de IA são sistemas inteligentes que combinam modelos de linguagem e outras tecnologias para realizar tarefas completas, do começo ao fim. Se uma IA generativa pode criar uma receita com o que há na geladeira, um agente de IA vai além: ele compra os ingredientes, agenda a entrega e avisa quando tudo está pronto.

A tecnologia é o caminho para que a inteligência artificial entregue, de fato, os ganhos de produtividade (e cortes de emprego) prometidos há anos. É um passo em direção ao que a OpenAI define como AGI (Inteligência Artificial Geral), sistemas autônomos capazes de superar os humanos nas tarefas mais complexas e valiosas economicamente.

O mercado de agentes de IA, hoje avaliado em US$ 5 bilhões, deve crescer para US$ 47,1 bilhões até 2030, conforme estimativas da MarketsandMarkets.

No Brasil, exemplos como o JIM da InfinitePay e a MeetRox mostram como os agentes de IA estão ganhando espaço. O JIM, por exemplo, é um assistente que otimiza campanhas de vendas, gerencia fluxo de caixa e até sugere estratégias para melhorar a conversão de vendas, adaptando sua comunicação ao perfil do usuário. Já a MeetRox usa IA para analisar conversas de vendas e preencher automaticamente CRMs, o que aumenta a produtividade das equipes comerciais e permite que os vendedores se concentrem nas tarefas mais valiosas.

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