Roberto Castello Branco: "O choque foi mais profundo do que imaginávamos" (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de abril de 2020 às 07h04.
Última atualização em 16 de abril de 2020 às 07h08.
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, disse não acreditar em um acordo com a Opep+, que reúne os grandes países exportadores de petróleo e, em reunião recente, definiu um corte de oferta de 9,7 milhões de barris de petróleo por dia (bpd). Segundo o executivo, falta um coordenador para fiscalizar e punir produtores que venham a descumprir o acordo.
Em conferência online promovida pela FGV Energia, Castello Branco disse que nem mesmo a Arábia Saudita cumpre os acordos da organização.
A referência de cotação de petróleo perseguida pela Petrobras é de US$ 25 por barril, bem menor do que os US$ 40 projetados inicialmente. "O choque foi mais profundo do que imaginávamos", afirmou.
A avaliação do presidente da Petrobras é que a demanda e não a oferta vai determinar o comportamento dos preços. No Brasil, o consumo ainda está restrito, principalmente de gasolina e QAV.
O de óleo diesel ainda é beneficiado pela demanda do setor agrícola. Desde que a crise começou, a empresa reduziu o preço da gasolina em 48,4% e o do diesel, em 35,2%, em suas refinarias.
Castello Branco afirmou ainda que a oferta de GLP está garantida principalmente com a importação do derivado. "Espera-se que o revendedor repasse o corte de preços ao consumidor", disse o executivo.
Durante a conferência, ele destacou que não há plano de demissões na Petrobras. "Demissões não estão sobre a mesa. Pelo contrário, procuramos salvar empregos", destacou.
O presidente da Petrobras ainda se disse otimista com a capacidade de o Brasil enfrentar a crise. "O mundo pós-covid vai ter normalidade diferente", argumentou.
O programa de desinvestimento da Petrobras está mantido, mas deve sofrer atraso, segundo o presidente da empresa, Roberto Castello Branco. Em teleconferência promovida pela FGV Energia, o executivo disse confiar que as liquidações financeiras de ativos já vendidos vão acontecer "no momento marcado".
Segundo ele, os compradores da Liquigás, por exemplo, aguardam apenas a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para concluir o negócio.
Ativos do pré-sal, como o campo de Búzios, adquirido em leilão no ano passado, continuam a ser prioridade para a empresa, mesmo durante a crise. Da mesma forma, estão mantidos projetos de pesquisa e inovação que vão ajudar a empresa a reduzir custos e acabar com os riscos exploratórios.
A empresa continua ainda perseguindo a redução do tempo até o início da operação na áreas, disse Castello Branco. "Cuidamos do curto e longo prazo ao mesmo tempo", afirmou.