Oi: a ideia é investir em tecnologia e infraestrutura para dados, com foco em telefonia móvel, TV paga, banda larga e melhores serviços aos clientes (Nacho Doce/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de dezembro de 2016 às 18h00.
São Paulo - A Oi, operadora brasileira de telefonia que está em processo de recuperação judicial, receberá nesta semana proposta de detentores de títulos da dívida externa, do bilionário egípcio Naguib Sawiris e de agências de crédito à exportação que inclui investimentos de cerca de R$ 40 bilhões (US$ 12 bilhões) em seis anos, disse uma pessoa com conhecimento direto do assunto.
Os credores, representados pela Moelis, e Sawiris propõem injetar US$ 1,2 bilhão em capital na companhia e as agências de crédito à exportação também estariam dispostas a ajudar a financiar investimentos, disse a pessoa, que pediu anonimato porque os planos ainda não são públicos.
Parte dos R$ 40 bilhões também virão da geração de caixa operacional da Oi, de cerca de R$ 6,5 bilhões por ano, disse a pessoa.
A ideia é investir em tecnologia e infraestrutura para dados, com foco em telefonia móvel, TV paga, banda larga e melhores serviços aos clientes.
Para recuperar a Oi, que tem dívidas totais de cerca de US$ 19 bilhões, a ideia é converter cerca de R$ 25 bilhões dos títulos de dívida externa em ações e os detentores de eurobônus propõem ficar com cerca de 95 por cento do capital da companhia, disse a pessoa.
Isso representaria uma redução de cerca de 80 por cento no montante total de títulos se o valor da ação for considerado equivalente a zero. As notas restantes seriam convertidas em um novo título a ser emitido, disse a pessoa.
Os bancos, que possuem R$ 10 bilhões em dívidas da Oi, não teriam que aceitar uma redução do valor do principal, mas teriam que concordar em alongar prazos e reduzir juros.
Condições similares estão sendo propostas para o US$ 1,6 bilhão de dívidas com as agências de crédito à exportação, grupo que inclui o China Development Bank, disse a pessoa.
Para os US$ 20 bilhões em multas e impostos exigidos pelo órgão regulador do setor de telecomunicações, a Anatel, cerca de R$ 5 bilhões seriam pagos e o restante seria convertido em investimentos na infraestrutura da Oi, disse a pessoa.
O grupo de agências de crédito à exportação e seguradoras, representado pela FTI Consulting, e o grupo de detentores de títulos de dívida representado pelo Moelis estão trabalhando juntos em uma das diversas alianças que tentam guiar o destino da Oi.
A empresa com sede no Rio de Janeiro informou na semana passada que está negociando com a Cerberus Capital Management, a empresa americana de private equity especializada em investimento distressed.
A Oi assinou um acordo de confidencialidade com a Cerberus e não recebeu proposta para transação, informou a empresa brasileira em comunicado ao mercado.
Outro grupo, assessorado pela G5 Evercore, tem como membros fundos como Attestor Capital, York Capital Management e Aurelius Capital Management, disseram pessoas com conhecimento do assunto no mês passado.
A operadora de telefonia também negociou com a Elliott Management, empresa de fundos de hedge comandada pelo bilionário Paul Singer. A Elliott realizou due diligence na companhia, disse o presidente da Oi, Marco Schroeder, em novembro.
Em seu plano de recuperação judicial, revelado em setembro, a Oi propôs a conversão de até R$ 32,3 bilhões em dívidas em títulos conversíveis com valor de face de R$ 10 bilhões.
Os detentores de títulos de dívida recusaram a oferta de reestruturação da Oi, dizendo que a dívida conversível os deixaria expostos a ainda mais prejuízos se a operadora não conseguisse melhorar sua situação, enquanto os atuais acionistas se beneficiariam com os ganhos se a empresa se recuperasse.