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Na Shell, loja de conveniência está melhor do que petróleo

O preço do petróleo pode estar decepcionando executivos da Shell, mas as vendas das lojas de conveniência estão indo muito bem


	Posto da Shell: vendas das lojas de conveniência geraram US$ 6 bilhões em receita não relativa a combustíveis em 2013
 (Getty Images)

Posto da Shell: vendas das lojas de conveniência geraram US$ 6 bilhões em receita não relativa a combustíveis em 2013 (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2014 às 17h03.

Londres - O preço do petróleo pode estar decepcionando os principais executivos da Royal Dutch Shell Plc, mas o cachorro-quente e o café deles estão indo muito bem.

As vendas das lojas de conveniência nos 45.000 postos de gasolina que a Shell possui em todo o mundo geraram US$ 6 bilhões em receita não relativa a combustíveis no ano passado e o montante vai aumentar neste ano, disse István Kapitány, vice-presidente do varejo da empresa com sede em Haia.

Como resultado, ao mesmo tempo em que vai cortar US$ 4,6 bilhões das despesas de capital do terceiro trimestre, a Shell pretende ampliar a rede de postos de gasolina, que já é a maior do mundo, especialmente na Ásia, disse Kapitány.

Alguns postos na Noruega agora vendem mais de 1.000 cachorros-quentes por dia, disse a empresa, e a rede, que abrange mais de 70 países, vendeu cerca de 100 milhões xícaras de café no ano passado.

“No varejo, as coisas são muito mais previsíveis”, disse Kapitány em entrevista no Shell Centre, na região de South Bank, em Londres. “Trabalhando direito, é possível prever o que fazer”.

Embora Kapitány tenha preferido não dizer quanto as vendas varejistas vão arrecadar a mais neste ano ou qual o valor da expansão, ele disse que a Shell pretende impulsionar as vendas de sucos, quiches, aveias e outros produtos comercializados com a sua marca ‘Deli2go’.

A companhia é uma das tantas produtoras de petróleo que estão reduzindo a perfuração depois que os preços do petróleo bruto despencaram quase 50 por cento nos últimos seis meses. Embora a receita das lojas tenha correspondido a uma porção muito pequena do total anual de vendas da Shell, de US$ 451 bilhões no ano passado, “é algo que vem se tornando mais importante”, disse Kapitány.

Preferência pela conveniência

Os postos foram projetados para aproveitar a crescente preferência dos consumidores pela praticidade. As pessoas estão deixando de lado as grandes compras semanais e preferindo ir mais vezes às lojas. Em alguns casos, no entanto, as diferenças culturais definem o sucesso desse conceito.

Na Noruega, por exemplo, 60 por cento da renda dos postos da Shell não provém da venda de combustível, ao passo que no Reino Unido esse valor é de 30 por cento.

Poder transitar essa brecha de um país a outro pode ser complicado, de acordo com Richard Clarke, analista da Sanford Bernstein.

“Há grandes diferenças na porcentagem obtida com alimentos nas lojas” dos postos de gasolina, disse Clarke por e-mail. Enquanto 14 por cento dos alimentos nos EUA são comprados em lojas de conveniência dos postos de gasolina, esse valor cai para 2,7 por cento no Reino Unido.

Embora a Europa Ocidental e os EUA continuem sendo mercados fundamentais para as lojas, é prioritário crescer nos países em desenvolvimento. A China, com 1.100 pontos de venda, e a Índia, com meros 70, estão no topo da lista de objetivos de expansão da Shell, de acordo com Kapitány.

A desregulação realizada na Índia pelo governo do primeiro-ministro Narendra Modi torna esse mercado especialmente atraente.

“Ainda temos um longo caminho pela frente”, disse Kapitány. “Temos planos muito ambiciosos de crescimento”.

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