Nissan Frontier (Nissan/Divulgação)
Juliana Estigarribia
Publicado em 16 de julho de 2020 às 19h26.
Última atualização em 16 de julho de 2020 às 19h51.
A pandemia afetou brutalmente as vendas de veículos ao redor do mundo. Todas as montadoras estão reformulando seu planejamento para manter a receita. Neste ambiente incerto, a Nissan começa a desenhar sua nova estratégia, tanto no mercado global quanto no Brasil.
Nesta quinta-feira, 16, a montadora anunciou uma parceria com o Mercado Livre para ampliar a presença da marca no ambiente digital. Na plataforma, o cliente interessado poderá pesquisar todas as ofertas nacionais, com a possibilidade de adquirir modelos zero-quilômetro sem pagar as 12 primeiras parcelas e com a primeira revisão grátis.
A condição faz parte de uma ofensiva intitulada “Compromisso Nissan” para atrair o consumidor neste momento de incertezas. O modelo de negociação funciona da seguinte forma: o cliente dá uma entrada de 60%; a concessionária Nissan em que o carro foi adquirido paga uma parte do saldo financiado e o restante só será pago pelo cliente depois de 12 meses.
Ainda nesta quarta-feira, 15, a marca lançou mundialmente o modelo Ariya, primeiro crossover 100% elétrico da montadora. "O modelo simboliza um grande passo na transformação da Nissan, num momento em que a empresa está fazendo um reajuste de foco de suas principais fortalezas, incluindo os veículos eletrificados e SUVs", disse o grupo.
O Ariya faz parte de um plano de lançamento de 12 novos modelos em 18 meses. A Nissan prevê que as vendas globais de elétricos da marca superem 1 milhão de unidades anuais até o fim do ano fiscal de 2023.
"Até lá, a empresa também pretende lançar tecnologias de condução autônoma em mais de 20 modelos em 20 mercados, além de vender mais de 1,5 milhão de veículos equipados com esses sistemas", destacou.
A estreia mundial do novo logotipo da Nissan, nesta semana, também marca a estratégia da companhia para começar a deixar o passado recente para trás. “O Ariya abre um novo capítulo em nossa história à medida que iniciamos a jornada de transformação do nosso negócio, de nossos produtos e da nossa cultura", disse Makoto Uchida, presidente do grupo, em apresentação do produto.
A reestruturação acontece em meio a uma sucessão de problemas. Além do imbróglio envolvendo Carlos Ghosn, ex-presidente da Aliança Renault-Nissan, o grupo anunciou recentemente que reduzirá sua capacidade de produção global em 20%, fechará fábricas e diminuirá sua gama de veículos.
No mercado global, a força da marca está nos segmentos de crossovers e elétricos. No Brasil, a expressividade está mais concentrada no SUV Kicks e, em menor escala, no sedã Versa e no compacto March. A fábrica da montadora está localizada em Resende, no Rio de Janeiro.
No primeiro semestre, a Nissan ocupou o décimo lugar no ranking de automóveis e comerciais leves mais vendidos da Fenabrave. Em SUVs, o Kicks se posicionou como o quinto modelo mais vendido do segmento no país.
Segundo especialistas ouvidos pela reportagem da EXAME, a pandemia deve acelerar processos na indústria automotiva, principalmente de digitalização. Mas a perspectiva de mudanças significativas nos hábitos de consumo pode trazer um desafio adicional para as montadoras, ainda mais para a Nissan.