LOJA DA OI: A queda dos papéis preferenciais foi de 10,68%; e a dos ordinários, de 7,25% / Marcelo Correa
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2016 às 15h18.
Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h35.
Num ano em que se tropeça em uma nova crise a cada esquina, a operadora de telefonia Oi consegue se destacar negativamente. Seu valor de mercado caiu pela metade este ano. A empresa acumula faturamento em queda, uma dívida bruta de quase 55 bilhões de reais e um prejuízo de 5,3 bilhões de reais em 2015.
Para sair do buraco, a Oi precisa atacar em diversas de direções – renegociar dívidas, encontrar novos mercados, buscar novos recursos, conquistar mais consumidores, rezar para a economia melhorar. E economizar o máximo possível. A expectativa é que, ainda este ano, o processo de negociação da dívida seja iniciado e evite o pedido de recuperação judicial da companhia – enquanto isso, todos, da alta direção aos analistas da base da hierarquia, estão compelidos a caçar desperdícios nos mínimos detalhes e repensar gastos.
Para gastar menos, a Oi tem atuado em duas frentes. A primeira delas é centrada num gasto básico, mas de grande importância: energia elétrica. Às 19 horas, as luzes de todos os 228 prédios da Oi são apagadas. Claro que, no meio do caos que a empresa vive, nem todos os funcionários aproveitam a deixa par air embora. Muitos ficam após esse horário e precisam usar lanternas para cumprir suas tarefas, conforme EXAME ouviu de funcionários da Oi. Podem até não ser as condições de trabalho ideais, mas o fato é que o gasto com energia caiu 60 milhões reais em 12 meses. A Oi diz que funcionários que precisem ficar até mais tarde podem fazer uma requisição para que a luz seja acesa.
Ao longo de 2015, todos os programas de cortes de custos da companhia – que incluem também redução do volume de horas extras e reutilização de materiais promocionais nas lojas– geraram uma economia total de 160 milhões de reais. A Oi também instituiu, no meio do ano passado, um comitê de custos. Desde então, cinco diretorias se reúnem semanalmente para avaliar todas as compras e contratações. O objetivo é rever e validar os orçamentos do jeito menos custoso possível. Cada área ou cada projeto precisa preparar uma espécie de defesa para o próprio custo e submetê-lo ao escrutínio da liderança da companhia, que avalia se ele é realmente indispensável.
A Oi também criou no começo desse ano uma diretoria, que batizou de Estratégia e Transformação do Negócio, para repensar as estratégias da empresa, com o objetivo de melhorar e eficiência. Com membros vindos das áreas de marketing, inovação, tecnologia da informação e recursos humanos, a equipe hoje se dedica a desenvolver novidades, como por exemplo, o “Oi Mais empresas”, um aplicativo-piloto de atendimento a pequenas e médias empresas em funcionamento há poucos meses. A intenção é evitar que os clientes gastem um tempo excessivo no atendimento via telefone sem nem mesmo conseguirem resolver o problema. Em São Paulo, por exemplo, a Oi está entre as dez empresas mais reclamadas na lista do Procon.
Até agora, cerca de 60.000 clientes dessa categoria já estão utilizando a ferramenta e, segundo mensuração da própria Oi, o índice de satisfação nesse caso é cinco vezes maior se comparado ao índice do canal comum, via call center.
Em larga escala, o atendimento via aplicativo deve permitir o enxugamento das operações de call center e do número de lojas físicas – o objetivo da Oi é se comunicar com pelo menos 1 milhão de pequenos e médios clientes através dessa plataforma. “Não dá para fazer apenas de um jeito mais barato, temos que fazer de um jeito diferente”, afirma Mauricio Vergani, diretor da recém-criada área de Estratégia e Transformação do Negócio. “Já temos provas de que a migração dos serviços para plataformas digitais podem gerar custos dez vezes menores, por isso a rota agora é a da digitalização” afirma. O esforço, aparentemente, está trazendo bons resultados. Se vai ser suficiente para salvar a Oi, é outra história.
(Renata Vieira)