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Na Hope, peças mais acessíveis atraem novo público — e resultado histórico

A linha de entrada ganhou volume e relevância no portfólio da marca de lingeries. Produção bate um milhão de peças ao mês pela primeira vez e o faturamento supera os R$ 400 milhões

Sandra Chayo, sócia-diretora da Hope: "O cliente entra na loja procurando as peças sem costura e acaba comprando outros itens pela qualidade" (Leandro Fonseca/Exame)

Sandra Chayo, sócia-diretora da Hope: "O cliente entra na loja procurando as peças sem costura e acaba comprando outros itens pela qualidade" (Leandro Fonseca/Exame)

Isabela Rovaroto
Isabela Rovaroto

Repórter de Negócios

Publicado em 4 de outubro de 2024 às 12h32.

Última atualização em 4 de outubro de 2024 às 12h45.

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Um galpão pouco usado na fábrica do Grupo Hope, em Maranguape, na região metropolitana de Fortaleza, ganhou vida nova neste ano. Cerca de dez máquinas capazes de produzir centenas de peças sem costura por dia começaram a operar.

A produção, antes feitas apenas por costureiras, ganhou outro ritmo. Braços mecânicos passaram a trançar diversos rolos de fios e entregar peças de tecido praticamente prontas em poucos minutos. Em março, a marca lançou a coleção Light com calcinhas a partir de R$ 29,90. No segundo semestre, foram lançadas cuecas de R$ 49,90. Esse é só o começo de uma estratégia que deve ser concluída no final de 2025. "Nossa ideia é encher isso aqui de máquinas", diz sócia-diretora Sandra Chayo durante a visita à fábrica.

O recente investimento de R$ 10 milhões em maquinário faz parte da estratégia da Hope para aumentar o público endereçável. Após contratar uma consultoria, a direção da Hope entendeu que era viável ampliar o portfólio, sem perder qualidade, para atingir um novo perfil de consumidor.

A expectativa é atrair novos clientes com o preço de entrada e aumentar o ticket médio das compras. "O cliente entra na loja procurando as peças sem costura e acaba comprando outros itens pela qualidade da Hope", diz a executiva.

Ao ser questionada sobre a concorrência com plataformas asiáticas, Chayo não parece se preocupar tanto quanto outros varejistas. Segundo a executiva, a Hope não concorre diretamente com a Shein ou Aliexpress. "Nossas peças têm mais qualidade e o público alvo não é o mesmo", diz.

Os números do Grupo Hope

Tudo indica que 2024 será um ano importante na história da companhia. Mais de mil funcionários são responsáveis pelo processo de produção das três marcas do grupo: Hope, Hope Resort e Bonjour Lingerie. A empresa vem apresentando crescimento de 35% na ponta e corre para acelerar a produção e conseguir suprir toda a demanda. Mais da metade dos funcionários está na costura e produção das peças. Quase 300 funcionários devem ser contratados no segundo semestre.

O grupo conta com confecções parceiras, que hoje são responsáveis por 40% da produção. No ano passado eram apenas nove. A expectativa é terminar o ano com 35 parceiros. "Todo processo de criação, desenvolvimento e suporte técnico é acompanhado pelo nosso time", diz a executiva.

Mês a mês a produção bate recorde. A expectativa é produzir um milhão de peças ao mês neste segundo semestre. No ano, o crescimento deve ser de 18% e o faturamento das franquias deve superar os R$ 400 milhões. Para 2025 a meta é chegar aos R$ 500 milhões.

O Grupo Hope tem cerca de 5% de participação no mercado de peças intimas, marcado pela alta pulverização. Com o novo posicionamento, a ideia é chegar a 30% no médio prazo.

O modelo de negócio

A companhia fundada em 1966 por Nissim Hara começou como indústria no Brás, em São Paulo, de olho nas lojas multimarcas. As lojas próprias com foco em peças íntimas foram uma inovação da marca no mercado de lingeries. Para aumentar a capilaridade da rede, a companhia decidiu abrir franquias em 2005.

O grupo conta com 280 franquias e quer acelerar a abertura de lojas. O modelo de loja foi reformulado e agora é possível abrir uma loja com investimento inicial de R$ 370.000. Até o final do ano, 20 unidades serão inauguradas.

O portfólio hoje vai além de peças íntimas. Com a Hope Resort, a companhia se dedica a coleções de beachwear e fitness. O modelo de loja chamado Hope Duo, que conta peças das duas marcas, até então destinado a cidades com até 200 mil habitantes, ampliou o raio de atuação e poderá ser franqueada em cidades com 500 mil habitantes e capitais.

Em cinco anos, a projeção é inaugurar cerca de 300 novas unidades entre lojas de shopping e de rua. Para a marca Hope, o grupo já mapeou cerca de 117 shoppings. Além de São Paulo e Rio de Janeiro, estados como Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Pernambuco, Sergipe e Piauí estão no radar.

"Realizamos uma série de reformulações em nossas lojas e em nosso portfólio de produtos, tanto para HOPE quanto para HOPE Resort, com o intuito de expandir para novas localidades e atrair novos consumidores. Os resultados iniciais são promissores, e acreditamos estar no caminho certo", diz Chayo.

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