99Food: plataforma prepara estreia em São Paulo após bons resultados em Goiânia (99Food/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 12h25.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 15h05.
Nem só de corridas vive a 99. Depois de alguns anos focada no transporte de passageiros e entrega de pacotes, a empresa decidiu entrar (de novo) no mercado de delivery. A estreia da 99Food aconteceu em Goiânia com o pé no acelerador. Em apenas 45 dias de operação, a plataforma realizou 1 milhão de entregas.
O sucesso da estreia é consequência de um bom combo. Com investimento de R$ 1 bilhão, a companhia controlada pela chinesa DiDi lançou a 99Food oferecendo taxa zero para os restaurantes, cupons que somam R$ 99 para os clientes e uma remuneração média de R$ 15 por pedido para os entregadores — acima da média de mercado.
A ofensiva foi o primeiro passo de uma expansão nacional. Nas próximas semanas, a 99Food desembarca em São Paulo. A empresa já está aquecendo sua base de entregadores, conectando motoboys que hoje entregam encomendas para também assumirem pedidos de comida. (Vale lembrar que a 99 opera mototáxi em várias cidades do país).
Segundo a plataforma, mais de 15 mil entregadores participaram da operação em Goiânia. Entre eles, 10 mil também fizeram transporte de passageiros ou pacotes pela 99.
"A maioria dos entregadores parceiros atuam tanto em mobilidade quanto em delivery, aumentando seus rendimentos sendo mais produtivos durante todo o dia", diz Simeng Wang, diretor-geral da 99 no Brasil.
Ao todo, a base da empresa conta com 700 mil motoqueiros cadastrados, o que facilita a entrada no mercado de delivery.
A chegada da 99Food acontece num momento movimentado do mercado de delivery. O líder de mercado iFood anunciou investimento de R$ 17 bilhões, enquanto outras concorrentes como Rappi e a Keeta, da chinesa Meituan, também anunciaram investimentos no Brasil.
A estratégia da 99 mira especialmente o aumento de frequência de pedidos, com foco em novos momentos de consumo. “Não queremos apenas concorrer no pico do jantar. A ideia é ampliar o mercado”, afirma Wang.
Na prática, a 99 repete uma lógica que funcionou na sua estreia em mobilidade: pagar melhor o entregador, cobrar menos do cliente e bancar a diferença no curto prazo. Em troca, ganha mercado (e dados).
Com três unidades, o restaurante de comida japonesa Izu viu as vendas de delivery aumentarem 30% em Goiânia. Os irmãos Bárbara e Daniel Alencar Coelho lideram a operação que fatura R$ 2,5 milhões por mês. "Temos uma cozinha central que cuida dos pedidos de delivery", explica Bárbara. "Sem as taxas, nossa margem cresceu e contratamos mais funcionários", diz.
O plano da 99 vai além da comida entregue na porta. A empresa aposta no próprio ecossistema como diferencial competitivo. Com mais de 1,5 bilhão de corridas realizadas e presença em 3.300 municípios brasileiros, a ideia é integrar, no médio prazo, transporte, delivery e pagamentos.
A fintech da casa, 99Pay, entra nesse jogo com ofertas de cashback, microcrédito e promoções integradas ao delivery, reforçando o poder de fidelização. Só a carteira digital de microcrédito movimentou R$ 3 bilhões no último ano.