En-Zone: espaço movimentou R$ 1,5 milhão com micro e pequenos negócios amazônicos na COP30.
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Publicado em 28 de novembro de 2025 às 14h03.
A economia amazônica ganhou palco próprio na COP30, realizada em Belém (PA) de 10 a 21 de novembro. O En-zone, espaço de 17 mil metros quadrados criado pelo Sebrae local e dedicado aos micro e pequenos negócios da região, recebeu 57 mil visitantes em duas semanas e gerou mais de R$ 1,5 milhão em vendas. Outro destaque foi o aplicativo com a programação da área, que somou aproximadamente 36 mil downloads em celulares de diversos locais, incluindo países como Zimbábue, Rússia, Tailândia, Qatar, Alemanha e Singapura.
Marcas de setores como cosméticos, biojoias, moda, alimentação e bioeconomia dividiram o ambiente com o mesmo propósito: integrar saberes ancestrais a modelos de atuação modernos e sustentáveis, capazes de gerar impacto sem romper com identidade e território. Para Rubens Magno, diretor-superintendente do Sebrae no Pará, o resultado confirma que a região tem potencial para ir além das narrativas tradicionais. “As pessoas conheceram o melhor da produção amazônica e levaram para casa itens que respeitam a floresta e preservam tradições ancestrais”, afirmou.
O En-Zone reuniu empreendedores de todos os gêneros e as mulheres se destacaram como maioria. A presença expressiva reflete uma transformação em curso: elas estão impulsionando a nova bioeconomia da Amazônia ao conectar identidade territorial, impacto social e conservação ambiental. As empresas não apenas geram renda, mas também fomentam a autonomia feminina, fortalecem a resistência cultural e favorecem a conservação ambiental.
O encerramento da programação do En-Zone teve a moda como protagonista. O desfile “En-Zone COP30: Biomas em Movimento” levou 50 modelos à passarela para apresentar 85 looks de 15 marcas marajoaras e amazônidas, ao som do Tambores do Pacoval, grupo de carimbó do Soure, no Pará.
Algumas histórias ajudaram a traduzir a potência empreendedora da região. Entre elas, está a da modelista Rosilda Angelim, à frente da Cañimbó. Ela começou na costura após perder o emprego como professora e, sem ateliê, deu os primeiros passos em um barracão dividido com um galinheiro. A virada veio com o suporte do Sebrae. Os cursos, capacitações e acompanhamento técnico, deram a segurança necessária para organizar o negócio e fortalecer sua atuação. “O desfile representou o fechamento de um ciclo de aprendizado, resistência e amadurecimento”, diz. Atualmente, a marca faz parte do Polo de Moda Marajó, coletivo feminino.
Já a designer Lídia Abrahim, fundadora da Seiva Amazon Design, encontrou nas biojoias feitas com látex e fibras vegetais um caminho para reposicionar sua carreira. O biomaterial que utiliza como base foi desenvolvido em 2017, durante capacitações voltadas às empreendedoras da ilha. O projeto ganhou escala rapidamente, obteve reconhecimento nacional e avançou para mercados fora do país com apoio institucional do Sebrae e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil).
Apesar dos avanços, mulheres amazônicas ainda enfrentam barreiras estruturais, como acesso mais difícil a crédito e desigualdade de gênero. Por isso, o Sebrae-PA tem ampliado polos de desenvolvimento e ações de apoio para facilitar o acesso a crédito. Outra iniciativa é o Sebrae Delas, que já capacitou mais de mil mulheres no estado desde 2019, impulsionando cadeias produtivas presentes na floresta.