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Na contramão, Banco Volkswagen desacelera crédito

A postura do banco reflete a percepção de um cenário mais complicado à frente, mesmo levando em conta a queda na taxa básica de juros

"É preocupante ser agressivo num momento como esse", disse à Reuters o diretor executivo e de relações com investidores do Banco Volkswagen, Rafael Teixeira (Divulgação)

"É preocupante ser agressivo num momento como esse", disse à Reuters o diretor executivo e de relações com investidores do Banco Volkswagen, Rafael Teixeira (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2012 às 14h19.

São Paulo - Na contramão da recente onda de cortes de juros pelos grandes bancos de varejo, incluindo para linhas de financiamento automotivo, o Banco Volkwagen, maior banco de nicho do setor, está desacelerando a oferta de crédito.

Sendo levado a provisionar volumes cada vez maiores para perdas esperadas, a lidar com a inadimplência nas máximas desde o fim de 2009 e prevendo que ela seguirá ascendente pelo menos até o final do ano, o banco está olhando com preocupação o movimento dos concorrentes.

"É preocupante ser agressivo num momento como esse", disse à Reuters o diretor executivo e de relações com investidores do Banco Volkswagen, Rafael Teixeira. "Por isso, optamos por não fazer isso (cortar juros) neste momento." Mais que isso, o banco tirou o pé do acelerador para novos financiamentos. No primeiro trimestre, a instituição aprovou em média menos da metade das propostas recebidas.

Esse movimento pautou a desaceleração da carteira de crédito para uma expansão de pouco mais de 10 por cento no acumulado de 12 meses até março, a 21 bilhões de reais. É menos da metade do ritmo observado nos últimos anos, de 25 por cento.

Para Teixeira, a postura do Banco Volkswagen, também seguida por outras instituições especializadas no setor, reflete a percepção de um cenário mais complicado à frente, mesmo levando em conta a queda na taxa básica de juros em curso.

"A inadimplência está alta mesmo com o desemprego nas mínimas históricas. Se houver algum evento de desaceleração econômica que eleve o desemprego, a situação pode piorar." O índice de inadimplência do banco no primeiro trimestre -medido pelo saldo de operações vencidas com mais de 90 dias- era de 3,5 por cento, ante 2,7 por cento no mesmo período de 2011.

Dessa forma, mesmo correndo o risco de perder participação de mercado, em meio à ofensiva do governo para derrubar os spreads bancários, instrumentalizada pelos bancos públicos, o Banco Volkswagen prefere manter-se na defensiva e alerta para o risco de tal movimento acontecer agora.

"Se for uma estratégia predadora, inconsequente, pode ser ruim para o setor", conclui Teixeira.

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