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Na Capital Nacional das Startups, 25% do PIB já vem de tecnologia

Nenhuma outra capital brasileira tem tanta representatividade da tecnologia no PIB municipal como na "Ilha do Silício", como também é conhecida

Florianópolis: são 7,4 negócios tech a cada 1.000 habitantes na ilha (Evandro Badin/Getty Images)

Florianópolis: são 7,4 negócios tech a cada 1.000 habitantes na ilha (Evandro Badin/Getty Images)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 12 de março de 2025 às 09h41.

Florianópolis tem praia, turismo e qualidade de vida. Mas, cada vez mais, também tem tecnologia.

Hoje, 25% da economia da cidade vem de empresas de inovação. O setor faturou 12 bilhões de reais em 2023, segundo levantamento inédito da Rede de Inovação de Florianópolis, uma parceria entre a Assocaição Catarinense de Tecnologia e a prefeitura da cidade para levantar dados e monitorar o setor na cidade.

Nenhuma outra capital brasileira tem tanta representatividade da tecnologia no PIB municipal. No Brasil, só Barueri, no interior de São Paulo, supera esse percentual, com 27,2%.

O título de Capital Nacional das Startups, concedido à cidade por lei em 2024, veio para coroar um crescimento que começou décadas atrás.

Como Florianópolis virou um polo de inovação

Nos anos 1980, a economia da cidade girava em torno do funcionalismo público e do turismo. O setor de tecnologia ainda engatinhava, mas já dava sinais de potencial. Universidades como UFSC e Udesc começaram a formar mão de obra qualificada. A partir delas, surgiram centros de pesquisa e instituições como a ACATE (Associação Catarinense de Tecnologia) e a Fundação Certi.

Os incentivos ao setor cresceram. O governo local passou a oferecer programas de apoio e benefícios fiscais. A cultura empreendedora se fortaleceu e o mercado de tecnologia deslanchou.

Hoje, Florianópolis tem a maior concentração de empresas tech por habitante no Brasil: 7,4 negócios de tecnologia para cada 1.000 moradores. Está à frente de São Paulo e Curitiba.

Boa parte das empresas ainda está na fase inicial. Negócios com faturamento até 81.000 reais representam 42% do total, enquanto 46% faturam entre 81.000 e 360.000 reais por ano.

O crescimento do setor depende da formação de talentos e de investimentos estratégicos.

Florianópolis disputa espaço com outras cidades no setor. Nacionalmente, ocupa a sétima posição no ranking de empregos em tecnologia, mas cresce mais rápido que Curitiba e Porto Alegre. Com incentivos públicos e articulação entre empresas e universidades, o objetivo é manter o avanço e ampliar a relevância global.

"Saímos de um pequeno polo tecnológico para nos tornarmos um dos principais ecossistemas de inovação do Brasil", diz Diego Ramos, presidente da ACATE. "Precisamos manter esse ritmo e atrair novos investimentos".

As gigantes e as promessas da tecnologia em Floripa

O setor cresce com empresas de todos os tamanhos. Florianópolis tem 6.100 negócios de tecnologia, que empregam 38.000 pessoas.

Entre elas, 46 companhias faturam mais de 10 milhões de reais por ano. Algumas superam 100 milhões e outras já se aproximam de 1 bilhão. Empresas como Softplan, Nexxera, Dígitro e Pixeon mantêm suas sedes na cidade, mesmo após fusões e aquisições.

Ao mesmo tempo, novas startups se destacam. A Indicium, especializada em inteligência de dados, captou 200 milhões de reais em investimento estrangeiro no ano passado. Casos como RD Station e Neoway, vendidas em transações bilionárias, mostram que o ecossistema gera negócios com alto potencial de crescimento.

O desafio agora é continuar formando talentos e atraindo investimentos estratégicos. O setor de tecnologia representa 45% dos empregos formais da cidade e Florianópolis já é o sétimo maior mercado de trabalho em tecnologia no Brasil.

"Somos a capital brasileira com a maior representatividade da tecnologia no PIB municipal. Vamos continuar fortalecendo esse ecossistema para consolidar Florianópolis como um polo de inovação nacional e internacional", afirma Juliano Richter Pires, secretário de Turismo, Desenvolvimento Econômico e Inovação da cidade.

A Ilha do Silício no sul do Brasil segue crescendo. Agora, resta saber até onde ela pode chegar.

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