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Fusões e aquisições crescem 40% no Brasil em 2005

Pesquisa da Deloitte mostra que o objetivo principal das empresas compradoras é aumentar sua participação no mercado. No ano passado, foram registradas 317 operações

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.

Os processos de fusão e aquisição - seja no Brasil ou no exterior - guardam uma característica bastante nítida: todos têm o objetivo de comprar empresas do mesmo setor, como forma de aumentar participação de mercado -  market-share -  ou, ainda, de eliminar a concorrência. A estratégia foi detectada em um estudo qualitativo realizado pela consultoria Deloitte no Brasil.

"Enquanto na década de 80 a regra era a diversificação, ou seja, adquirir companhias de outros setores, hoje as empresas compradoras querem garantir uma boa colocação no mercado", diz Reinaldo Grasson de Oliveira, gerente sênior de finanças da Deloitte. Como exemplo, ele cita a fusão da Gillette com a Procter & Gamble, anunciada em janeiro do ano passado.

Das 204 companhias entrevistadas pela Deloitte, 47% já passaram por um processo de aquisição, seja na posição de compradora ou de empresa adquirida. Para 86% delas, o aumento de market-share e da escala de produção foram os principais motivos que as levaram a adquirir uma outra companhia.

No ano passado, foram registradas 317 operações de fusão e aquisição no Brasil, número 40% superior ao registrado em 2004. De acordo com Grasson, a alta liquidez no cenário internacional, somada à estabilidade econômica no Brasil, contribuíram para esse aumento. O executivo acredita que ainda há espaço para novas operações neste ano, mas em menor escala.

Perfil familiar

No Brasil, a maior parte desses processos ocorre da seguinte forma: uma empresa grande, geralmente multinacional, adquire uma companhia local, de capital fechado e administração familiar, sendo as duas companhias do mesmo setor. Como a empresa compradora tem dinheiro em caixa, não precisa recorrer ao sistema financeiro para adquirir um empréstimo. O pagamento é feito com capital próprio.

"Nos mercados mais avançados, as companhias compradoras costumam recorrer à troca de ações ou à emissão de dívida, dois mecanismos que, no Brasil, estão restritos a um seleto grupo de empresas", diz Grasson. A maior parte das empresas (56%) adquiridas no últimos cinco anos era de controle familiar, e somente 8% tinham capital aberto com ações negociadas em bolsa.

A forte presença de famílias na administração de empresas acaba sendo, ainda que de forma indireta, uma barreira à expansão do número de fusões e aquisições no país. Entre os entraves aos processos apontados pelos entrevistados está a má qualidade das informações gerenciais e contábeis das empresas-alvo.

"Por serem, em geral, de capital fechado, essas companhias não têm uma preocupação maior com os princípios de governança corporativa", diz Antônio Caggiano Filho, sócio da área de finanças da Deloitte.

Mão-única

Apesar de o Brasil ter aumentado expressivamente a participação no mercado internacional nos últimos anos, a partir das exportações, as empresas brasileiras estão longe de terem papel relevante na aquisição de companhias estrangeiras. Com algumas exceções - caso da Gerdau e Vale do Rio Doce -, as companhias nacionais preferem se concentrar no mercado interno.

Das entrevistadas, 41% acreditam que "ainda existem muitas oportunidades para crescimento no país". Outras 30% têm interesse no mercado externo, mas preferem explorá-lo com uma estrutura própria. Em 2005, os investimentos brasileiros no exterior somaram 2,5 bilhões de dólares, segundo a Deloitte. Enquanto isso, os investimentos diretos no Brasil foram de 15,2 bilhões de dólares.

Veja abaixo os cinco setores com mais fusões e aquisições no Brasil, em 2005:

1º -  Serviços financeiros: 54 operações
2 º - Informática, TI e internet: 41 operações
3 º - Comércio varejista e atacadista: 24 operações
4 º - Prestação de serviços: 18 operações
5 º - Alimentos: 16 operações

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