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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
A reestruturação societária da Embraer, que culminará na pulverização de suas ações, não servirá apenas para torná-la o primeiro exemplo de uma grande companhia brasileira a seguir esse caminho. Um dos aspectos estratégicos da remodelação é ampliar sua capacidade de investimentos, a fim de sustentar seus projetos e manter-se competitiva em um mercado que conta, entre outros, com rivais agressivos como a canadense Bombardier.
Segundo o presidente da companhia, Maurício Botelho, nos últimos dez anos a Embraer investiu 2,3 bilhões de reais na criação de novos produtos e na melhoria dos processos de fabricação. Botelho afirmou que a necessidade de investimentos para os próximos anos será bem maior e que somente os financiamentos do BNDES não serão suficientes. "Por isso a reestruturação do capital é essencial", disse.
Uma das principais metas da Embraer nos próximos anos é diversificar sua presença no mercado. Atualmente, 75% da receita vem da aviação comercial e o objetivo é expandir as encomendas no segmento da aviação executiva (aeronaves que atendem o mercado corporativo), que, segundo Botelho, representa o filão mais promissor do mercado aéreo.
Para Botelho, a transformação das ações preferenciais em ordinárias parte do processo de reestruturação societária trará maior liquidez à companhia, permitindo que a empresa faça os investimentos necessários. Entre os recursos que a pulverização permitirá, está o uso das ações como moeda de troca para a aquisição de ativos, o que aumentará o potencial de expansão internacional da companhia. Outra vantagem é driblar as restrições decorrentes da Lei das Sociedades Anônimas, que impõe uma proporção máxima de ações ordinárias e preferenciais. Sem essa restrição, a capacidade de captar novos recursos também cresce.
Próximos passos
A proposta será colocada para votação em março, quando deve ser aprovada. Botelho prometeu uma transição gradual, com a formação de um Conselho de Administração interino, com mandato de três anos.
O executivo, que está à frente da Embraer há 11 anos, deixa a presidência em abril de 2007, porém continuará como presidente do Conselho até abril de 2009. "Essa foi uma decisão minha. Ninguém é eterno", disse Botelho. Ele definiu a reestruturação do capital como o momento mais importante da fabricante desde sua privatização, em 1994.
Ele acredita que a transformação de todas as ações preferenciais em ordinárias trará maior liquidez à empresa, tornando-a mais atraente na bolsa de Nova York. Regras de governança corporativa e maior transparência também serão incorporadas à nova Embraer, permitindo sua entrada no Novo Mercado da Bovespa. Atualmente, o bloco de controle da empresa é composto pelos fundos de pensão Previ e Sistel, além da Companhia Bozano.