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Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h38.
O empresário Nelson Tanure, do Grupo Docas, desistiu de comprar o controle acionário da Varig. A decisão foi comunicada durante a abertura da assembléia do colégio deliberante da Fundação Ruben Berta (FRB). O colégio é a instância decisória máxima da Fundação e é composto por aproximadamente 140 funcionários da Varig. Entre os motivos da desistência, Tanure citou a forte reação contrária dos credores à sua proposta. Além disso, insinuou que a situação da companhia aérea é tão delicada que a recuperação está cada vez mais difícil.
O acordo de compra do controle da Varig foi fechado em dezembro entre Tanure e o conselho curador da FRB, que detém 87% do controle da companhia aérea. Ficou acertado que o empresário compraria 25% do capital votante da Varig, além de "arrendar" mais 42% do controle por um período de dez anos. O valor do contrato seria de 112 milhões de dólares. A Justiça, porém, tornou sem efeito o acordo, com o argumento de que somente a assembléia de credores poderia aprová-lo.
Em sua assembléia, os credores reprovaram a proposta. O Superior Tribunal de Justiça chegou a suspender essa reunião, mas a Deloitte, administradora judicial da Varig, decidiu realizá-la.
Diante da hostilidade dos credores, Tanure chegou a afirmar, nesta quinta-feira, que estava desistindo da proposta porque não é possível negociar com quem não quer, segundo a presidente do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Graziella Baggio. "Diante da resistência, Tanure está participando agora somente da disputa pelas subsidiárias da companhia", afirma Graziella. As empresas em questão são a VarigLog, de logística, e a VEM, de manutenção de aeronaves. Ambas estão fora do processo de recuperação judicial e gozam de uma boa saúde financeira.
Perspectivas negativas
Segundo uma fonte próxima das negociações, a possibilidade de recuperar a Varig é cada vez mais remota. Embora a Justiça americana tenha concedido mais prazo para que a empresa pague o que deve pelo leasing de suas aeronaves, o contrato vencerá em meados de 2006. As chances de renovação são bem pequenas, diante da sua fragilidade financeira. "Mesmo que se aprove a venda das controladas e o dinheiro entre no caixa da Varig, a situação não melhorará", diz.
Graziella concorda. "Ainda há muita preocupação sobre o futuro da empresa", afirma. A mesma avaliação, segundo a representante dos aeronautas, foi insinuada por Tanure como outra justificativa para sair da briga pelo controle da Varig. "O empresário também declarou que há cada vez menos chance de recuperar a empresa", diz.