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Da Redação
Publicado em 26 de agosto de 2011 às 13h20.
Os exportadores brasileiros de café poderão ser beneficiados com a eventual quebra da safra causada pela passagem do furacão Stan pela América Central e pelo sul do México. Os plantadores de comunidades situadas nessas regiões são os mais afetados por duas semanas de enchentes e deslizamentos de terra causados pelo furacão. Os prejuízos ocorrem depois de anos de cotações internacionais deprimidas. A colheita da próxima safra já havia começado, e os agricultores locais comemoravam a primeira recuperação de preços desde baixas históricas em 2001.
Segundo reportagem do diário americano The Wall Street Journal, enquanto segue a contagem de mortos, no mínimo 1 500, cresce o consenso de que as mais importantes áreas produtoras de café suportaram o maior choque do furacão. Cafezais do México, Guatemala e El Salvador respondem por uma produção de pelo menos 4,5 milhões de sacas de 60 kilos. Torrefadoras americanas, como a Starbucks e a Green Mountain, estão avaliando os estragos com seus fornecedores tradicionais na região.
Ganhos
"Não temos ainda informação precisa sobre o impacto na safra de lá. Se houver quebra, vai refletir em melhora de preço para quem puder suprir a lacuna no mercado de cafés finos", diz Guilherme Braga, diretor geral do Conselho Brasileiro de Exportadores de Café. "Exceto o Brasil, não há outro país em condições de suprir o mercado." Dependendo da qualidade, uma saca de café já está sendo cotada em 220 a 300 reais, e vem subindo nos últimos dias.
O que limita os ganhos brasileiros é o tamanho da safra 2004-2005, de 33 milhões de sacas, pequeno quando comparado a quase 50 milhões na safra 2002-2003. Esse volume, admite Braga, dá ao país a chance de suprir apenas parcialmente a ausência dos produtores afastados do mercado pelo furacão Stan. Caso os problemas persistam até o ano que vem, contudo, o Brasil terá condições de vender mais, visto que a expectativa é de um retorno da safra à marca de 50 milhões de sacas.
Braga também aponta para a indefinição quanto à natureza dos problemas nas regiões afetadas. "Não sabemos se o que vai ocorrer é apenas um atraso na realização das colheitas, por conta de danos à infra-estrutura de transportes e armazenamento, ou se houve soterramento de produção, ou seja, diminuição física irreversível da safra."
Perdas e danos
No sul do México, informa o Wall Street, a região de Soconusco foi varrida pelas enchentes. Soconusco é sede das maiores e mais antigas propriedades cafeeiras no estado de Chiapas, e responde por uma produção anual de 1 milhão de sacas ante um total de 1,5 milhão do estado. "Vai levar meses para reconstruir estradas, pontes e fazendas", diz Pete Rogers, da San Francisco Bay Coffee, uma importadora e torrefadora americana com fornecedores na região. "Nunca vimos algo assim antes, nem aqui em Chiapas, nem do outro lado, na Guatemala", diz Tomas Edelmann, chefe da associação local de produtores.
Na Guatemala, metade da área plantada com café foi destruída ou isolada por enchentes e deslizamentos. As cooperativas locais apenas começaram a reportar os estragos, que variam de 20% a 80% das colheitas. A associação nacional do setor informa que 300 000 sacas podem ter se perdido.
Em El Salvador, os terrenos mais castigados incluem quatro das cinco principais regiões produtoras. Para piorar a situação, houve uma erupção vulcânica em 1º de outubro e um terremoto no dia 7.