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Murdoch tenta resolver crise que ameaça derrubar seu império

O magnata viajou ao Reino Unido para assumir a gestão de uma crise que ameaça seus interesses

Rupert Murdoch, magnata dono da News Corp. (Getty Images)

Rupert Murdoch, magnata dono da News Corp. (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2011 às 12h20.

Londres - O magnata da comunicação Rupert Murdoch chegou neste domingo a Londres para tentar resolver a crise dos grampos ilegais que provocou o fechamento de seu jornal "News of the World" e que ameaça derrubar seu império.

O multimilionário de 80 anos se deslocou nesta manhã aos escritórios localizados no leste de Londres da News International, a divisão britânica de seu conglomerado empresarial News Corporation, e sede do tabloide sensacionalista que neste domingo publicou sua última edição.

Murdoch, que em sua chegada foi fotografado em um carro com um exemplar do popular dominical na mão, ficou no local por várias horas e depois se dirigiu a outro lugar para, supostamente, se reunir com Rebekah Brooks, executiva-chefe da News Internacional e editora do "News of the World" na época das escutas, cuja demissão foi pedida por muitos políticos britânicos.

O magnata, que até agora defendeu Rebekah, viajou ao Reino Unido para assumir a gestão de uma crise que ameaça seus interesses empresariais, especialmente sua oferta de compra pela totalidade das ações do canal por assinatura "BSkyB", que agora foi postergada.

O líder da oposição trabalhista, Ed Miliband, pediu ao primeiro-ministro, David Cameron, que não permita que essa operação siga adiante até que não seja resolvido o caso das escutas, e o caso corre o risco de ir a uma votação simbólica no Parlamento.

As ações do "BSkyB", o maior canal por satélite do país, das quais o News Corp já possui 39%, desabaram 12% nesta semana - o que representa cerca de 1,8 bilhão de libras -, e a Igreja da Inglaterra advertiu que retirará seu investimento no grupo caso executivos como Rebekah não sejam investigados.

Murdoch tentou enterrar a polêmica pelas escutas ilegais com o repentino fechamento, anunciado na última quinta-feira, do "News of the World", que teve vários de seus jornalistas detidos e posteriormente libertados mediante fiança por terem supostamente violado telefones de famosos para obter informações exclusivas.

Um dos presos foi Andy Coulson, ex-editor do jornal entre 2003 e 2007 - época das escutas - e, até janeiro, diretor de comunicação de Cameron, que se viu atingido por este sensacional caso de espionagem que colocou em xeque todo o jornalismo britânico.

Ao que parece, o fechamento do "News of the World" não foi suficiente para restabelecer a reputação do império de Murdoch, já que nas últimas horas se soube que a News International ocultou informações incriminadoras sobre o caso das escutas ao reter desde 2007 e-mails que não mostrou à Polícia até 20 de junho.

A emissora pública "BBC" assegurou que cerca de 300 emails que poderiam ser provas de crimes cometidos pelo tabloide ficaram durante anos em posse do escritório de advocacia Harbottle & Lewis, que devia investigá-los, e foi William Lewis, diretor-geral da News International, contratado em julho de 2010 para liderar uma investigação interna, que recuperou essas mensagens.

Os emails parecem indicar, segundo a "BBC", que Coulson autorizou pagamentos à Polícia em troca de informações e que a prática de grampear telefones para obter exclusivas era comum e não se limitava a alguns jornalistas, como vinha argumentando a News International durante anos, desde a prisão de seu setorista da família real, Clive Goodman, em 2007.

Enquanto Murdoch tenta salvar a imagem de seus negócios, o Reino Unido perdeu neste domingo um de seus jornais mais antigos, o "News of the World", fundado em 1843 e símbolo da imprensa sensacionalista do país, que se despediu de seus leitores com uma tiragem dupla de cinco milhões de exemplares.

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