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Mulheres e empatia: as apostas da farmacêutica Medley para crescer

Marca de remédios genéricos mantém site sobre depressão e espera crescimento em meio à pandemia, mas tem o desafio de manter estoques

Remédios: o desenvolvimento da resistência aos antibióticos freia a eficácia de alguns tratamentos existentes. (REB Images/Getty Images)

Remédios: o desenvolvimento da resistência aos antibióticos freia a eficácia de alguns tratamentos existentes. (REB Images/Getty Images)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 23 de junho de 2020 às 06h00.

A marca de remédios Medley, divisão de genéricos da companhia farmacêutica francesa Sanofi, está buscando reforçar suas diretrizes estratégicas em meio à pandemia do novo coronavírus. Dentre elas estão oferecer serviços ao consumidor e o foco no público feminino.

As diretrizes foram definidas no ano passado, quando a Medley fez uma revisão geral de sua estratégia para o futuro. “Fizemos uma discussão sobre os potenciais caminhos de expansão para a marca. O principal é a inovação. E dentro disso olhamos para a prestação de serviços de forma mais ampla. Outro direcionamento é aumentar o propósito de marca que é o acesso a medicamentos de qualidade, com foco especial no público de mulheres com 35 anos ou mais”, afirma Joana Adissi, diretora geral da marca.

A companhia mantém a plataforma Pode Contar, focada em saúde mental e depressão. No contexto do isolamento social imposto pela pandemia, o site passou a realizar lives sobre o tema. A primeira saiu na semana passada, com a psiquiatra e sexóloga Carmita Abdo e o youtuber Fred Elboni. Na quarta-feira, haverá a segunda edição. O aumento dos problemas mentais na pandemia foi tema de reportagem da edição mais recente da EXAME.

Antes do coronavírus, a plataforma da Medley já trazia conteúdo sobre depressão pós-parto, ansiedade, burn out e fibromialgia. “O Brasil é dos países com mais casos de depressão no mundo. O objetivo da plataforma é trazer conteúdo médico para sensibilizar o público sobre o tema, gerar empatia e oferecer informação e suporte”, afirma Adissi. A companhia estuda formas de aumentar as possibilidades de fornecimento de serviços para o público.

Também faz parte da estratégia da marca o olhar mais atento ao público feminino, em especial as mulheres com 35 anos ou mais. “Temos pesquisas que mostram que 70% dos compradores são mulheres. Vemos que há muito espaço para prover informação e dar acesso a medicamentos com foco no público feminino”, diz a executiva.

Outra frente da companhia para crescer no país está na inovação. A Medley tem um centro de desenvolvimento em sua fábrica em Campinas (SP). A unidade fabrica 190 milhões de comprimidos por ano. Com o centro de desenvolvimento local, consegue ter mais agilidade para atender à demanda brasileira por medicamentos. “A agilidade nos lançamentos faz parte da estratégia no segmento de genéricos. A inovação é um grande pilar de crescimento para nós e é onde acreditamos de que deve estar nossa maior atenção”, diz.

A expectativa da companhia é de que o setor de genéricos cresça ainda mais com a pandemia. Com a crise econômica, a tendência é que as famílias busquem formas de cortar custos, e uma delas é trocar o medicamento de referência pela genérico. No Brasil, os genéricos têm cerca de 30% do mercado, sendo que em outros países, a fatia chega a 45%. Ou seja há espaço para crescer.

Um dos trunfos da companhia para aproveitar a oportunidade de crescimento é o reconhecimento recente da Medley como marca de renome pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). “Recebemos a certificação no nível máximo. É um reconhecimento importante, nos dá mais relevância e suporte. Isso também protege a marca contra cópias”, diz a executiva.

O maior desafio no curto prazo é a dificuldade de acesso aos insumos para os medicamentos, que vêm principalmente da Índia. O país impôs rígidas restrições de circulação devido à pandemia do novo coronavírus, o que tem afetado toda indústria farmacêutica no Brasil. "Se o acesso aos insumos voltar até julho estaremos cobertos. Mas se a dificuldade se estender até agosto, começaremos a ter problemas e a situação pode ficar ingerenciável", afirma Adissi.

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