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MP e administrador judicial divergem sobre venda de Nilza

Foram demonstradas posições divergentes sobre a proposta de R$ 7 milhões feita pela Goiasminas pela marca


	Papeis e documentos: avaliação judicial apontou que a marca valia R$ 5,2 milhões
 (Dreamstime)

Papeis e documentos: avaliação judicial apontou que a marca valia R$ 5,2 milhões (Dreamstime)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2014 às 11h54.

Ribeirão Preto - O Ministério Público de Ribeirão Preto (SP) e o administrador judicial da massa falida da Indústria de Alimentos Nilza demonstraram posições divergentes sobre a proposta de R$ 7 milhões feita pela Goiasminas pela marca que já foi líder no mercado de leite longa vida em São Paulo.

Enquanto o promotor Carlos Alberto Goulart Ferreira informou ser favorável à venda da marca à Goiasminas, o administrador judicial da massa falida, Alexandre Borges Leite, pediu que a oferta realizada durante o leilão público no dia 21 de novembro fosse recusada.

A proposta prevê o pagamento de 30% do valor à vista e o restante em 24 parcelas mensais corrigidas pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

A avaliação judicial apontou que a marca valia R$ 5,2 milhões, mas durante o leilão o juiz da 4ª Vara Cível de Ribeirão Preto, Héber Mendes Batista, conseguiu que a Goiasminas, dona da marca Italac, aumentasse a proposta até os R$ 7 milhões.

No processo, o administrador judicial contestou o valor da avaliação da marca, feita a partir de uma captação diária de 100 mil litros de leite. Esse volume seria bem menor que a capacidade da companhia, de 1 milhão de litros de leite por dia.

Ele informou que a venda separada do principal ativo da companhia, a unidade de Ribeirão Preto, poderia "esvaziar" o valor do marca.

Além disso, Borges Leite entende que a própria unidade na cidade paulista, caso seja vendida em leilão, pode ser prejudicada por não ter uma marca própria para processamento e comercialização.

No parecer, o promotor contestou Borges Leite e disse que não acreditava em enganos na avaliação feita pela marca, cujo valor foi obtido, segundo o Ferreira, por vários outros critérios além do processamento de leite.

"Caso existisse o critério divulgado pela administração judicial, ele deveria ter sido divulgado à época da avaliação, ainda mais se forçasse o aumento do valor da marca", completou Ferreira.

Caberá agora ao juiz definir se concordará com o argumento do promotor ou do administrador judicial. Mendes Batista está em férias e deve retornar até o início da próxima semana, quando deve tomar a decisão.

O juiz deve determinar ainda novas avaliações e leilões judiciais para as unidades de Ribeirão Preto, avaliada em R$ 69,12 milhões e de Itamonte (MG) da Nilza.

A fábrica na cidade mineira, estimada em R$ 30,37 milhões, deve ter o valor reavaliado para baixo antes de ir a um novo leilão.

No pregão realizado entre 7 e 21 de novembro o juiz deferiu apenas o arremate da planta de Campo Belo (MG) da massa falida da Nilza à Novamix, fabricante dos queijos Quatá. A companhia já arrendava a planta industrial e pagou R$ 9 milhões pela fábrica avaliada em R$ 12,44 milhões.

O valor, no entanto, não cobre sequer os mais de R$ 23,5 milhões que credores extraconcursais têm a receber da massa falida. Esses credores são os que investiram na Nilza durante a recuperação judicial e têm preferência de recebimento, antes mesmo que os trabalhistas. A dívida da massa falida da Nilza com todos os credores supera R$ 634 milhões.

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