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MP da Suíça bloqueia bens de Nuzman

No país, o brasileiro mantém 16 quilos de ouro em um cofre e o Departamento de Justiça do país já havia dado um sinal positivo sobre a cooperação

Pela cooperação com a Suíça, os bancos são obrigados a repassar todos os extratos bancários (Ricardo Moraes/Reuters)

Pela cooperação com a Suíça, os bancos são obrigados a repassar todos os extratos bancários (Ricardo Moraes/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 10h51.

Genebra - O Ministério Público da Suíça aceitou o pedido de cooperação para investigar e bloquear as contas e barras de ouro de Carlos Arthur Nuzman, em Lausanne e Genebra.

Na Suíça, o brasileiro mantém 16 quilos de ouro em um cofre e o Departamento de Justiça do país já havia dado um sinal positivo sobre a cooperação.

Em um breve comunicado, Berna indicou nesta segunda-feira que "pode confirmar que o pedido de cooperação do Brasil está sendo atualmente executado". O MP não deu detalhes sobre as ações ou operações realizadas.

De acordo com pessoas envolvidas no caso, no Brasil, a ação envolveria o congelamento de todos os ativos do dirigente e um mapeamento de todas suas transações nos bancos locais. Os dados serão repassados ao Brasil. Mas o dinheiro apenas seria devolvido quando Nuzman for condenado em última instância no País.

Procuradores brasileiros querem saber os detalhes das movimentações bancárias do dirigente e a ajuda de Berna para estabelecer a "rota do dinheiro".

Pela cooperação com a Suíça, os bancos são obrigados a repassar todos os extratos bancários que, então, poderão alimentar a investigação no Brasil e na França. A ação também exige o bloqueio dos bens do dirigente.

De acordo com Berna, esse pedido foi atendido. No dia 28 de setembro, os procuradores brasileiros encaminharam um pedido aos suíços para que as contas fossem bloqueadas, assim como o ouro mantido por Nuzman em Genebra.

No dia 5 de outubro, dia da prisão do dirigente, o Departamento de Justiça deu o primeiro sinal verde para a cooperação e encaminhou a documentação para a "execução" por parte do Ministério Público de Berna. Dentro do sistema de cooperação, a aprovação inicial é considerada como um passo decisivo.

Agora, os procuradores suíços dão prosseguimento ao caso. Ao Estado, os responsáveis pelo local onde o ouro está guardado indicaram na semana passada que terão de cumprir uma ordem judicial se houver uma, significando que terão de impedir qualquer tipo de retirada do ouro dos cofres.

ROTA - O trabalho dos investigadores agora é o de traçar a "rota" da fortuna do brasileiro. Documentos e envelopes encontrados durante a operação policial na casa de Nuzman, em setembro, revelaram que o brasileiro não apenas mantinha dinheiro vivo em sua residência em diversas moedas, mas também guardava informação sobre contas na Suíça.

No dia 27 de junho de 2014, Nuzman escreveria para Laetitia Theophage, funcionária da Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), um e-mail no qual colocava seus dados de uma conta na Suíça.

Tratava-se de um depósito que deveria ser realizado no banco Societe General Private Banking, instituição financeira dedicava a administrar grandes fortunas.

Laetitia, o Estado apurou, era a assistente pessoal do então presidente da IAAF, o próprio Lamine Diack, investigado por corrupção e hoje detido. Com a conta bancária número 1720399, ele indicava para onde a IAAF deveria fazer um depósito.

O local do banco também é revelador: Lausanne, cidade sede do COI e para onde Nuzman viajou com grande frequência entre 2009 e 2016, durante a preparação do Rio de Janeiro.

Em seu pedido de Habeas Corpus, Nuzman indicou que a conta servia para receber pagamentos de trabalhos realizados para a IAAF e suas despesas. O brasileiro chegou a ser membro do Conselho de Ética da entidade.

Agora, um dos trabalhos dos investigadores será o de apurar se a conta em nome de Nuzman serviu para algum outro objetivo. Para isso, o Ministério Público Federal espera a cooperação da Suíça.

O Estado apurou que um fluxo ainda importante de dinheiro passou pelos EUA e pelo Caribe, o que exigiu a cooperação da Justiça americana e da Grã-Bretanha.

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