Mounjaro: farmacêutica avança na pesquisa de medicamento oral (Jakub Porzycki/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de Negócios
Publicado em 26 de agosto de 2025 às 12h41.
Última atualização em 26 de agosto de 2025 às 12h53.
A Eli Lilly, farmacêutica americana responsável pelo Mounjaro, deu mais um passo na corrida bilionária pelo mercado global de medicamentos para obesidade. A companhia anunciou nesta terça-feira, 26, os resultados de um estudo de fase 3 que avaliou a orforgliprona, versão oral análoga ao GLP-1.
Os dados positivos abrem caminho para que a Lilly submeta ainda em 2025 o pedido de aprovação regulatória para o novo tratamento.
O estudo foi realizado em adultos com obesidade ou sobrepeso e diabetes tipo 2. Após 72 semanas, os participantes que receberam a dose mais alta da orforgliprona (36 mg) perderam em média 10,5% do peso corporal, cerca de 10,4 quilos, contra apenas 2,2% no grupo placebo.
Além da perda de peso, o medicamento reduziu em até 1,8% os níveis de hemoglobina glicada, marcador essencial no controle do diabetes.
Cerca de 75% dos pacientes que usaram a maior dose atingiram níveis de hemoglobina glicada iguais ou inferiores a 6,5%, patamar considerado adequado pela Associação Americana de Diabetes.
Os resultados também mostraram melhorias em fatores de risco cardiovasculares, como colesterol não-HDL, triglicerídeos e pressão arterial sistólica.
Assim como Ozempic e o Wegovy, a orforgliprona pertence à classe de análogos de GLP-1, que imitam a ação do hormônio responsável por regular o apetite e os níveis de açúcar no sangue. A diferença é que o novo medicamento será um comprimido de uso diário, sem restrições de horário ou alimentação.
“Os resultados reforçam o potencial da orforgliprona para oferecer eficácia e segurança comparáveis às versões injetáveis, mas em um formato que pode ampliar o acesso e a adesão de pacientes”, afirmou Louis J. Aronne, especialista em obesidade e líder de ensaios clínicos na área.
O avanço da Lilly acontece em meio a uma verdadeira corrida no setor farmacêutico. No Brasil, o mercado de análogos de GLP-1 já movimenta mais de R$ 6 bilhões por ano.
No mundo, as projeções apontam para uma indústria de mais de US$ 150 bilhões até 2030, transformando os remédios de emagrecimento em um dos pilares de crescimento da nova era farmacêutica.
A Novo Nordisk, rival dinamarquesa, já comercializa tanto injetáveis (Ozempic, Wegovy) quanto uma versão oral (Rybelsus). A expectativa é que a orforgliprona seja a primeira aposta da Lilly para entrar nesse nicho específico.
As ações da companhia avançam mais de 4% nesta terça-feira. A Lilly é avaliada em mais de US$ 648 bilhões.
“Mounjaro já mostrou resultados relevantes no tratamento da obesidade e do diabetes. Agora, com a versão oral, reforçamos nosso compromisso de ampliar as opções de cuidado para milhões de pessoas em todo o mundo”, disse Luiz André Magno, diretor médico sênior da Lilly Brasil.
Com os dados do novo estudo, a Lilly deve dar início às submissões regulatórias globais ainda este ano. Caso seja aprovada, a orforgliprona poderá representar um divisor de águas para a companhia e disputar um mercado que se tornou prioridade entre as maiores farmacêuticas do mundo.