Moto X: a companhia inaugurou a tendência de melhorar a experiência do consumidor em celulares com preço abaixo de R$ 1.000 (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 20 de outubro de 2014 às 07h40.
São Paulo - Mesmo depois de ser adquirida por US$ 12,5 bilhões pelo Google, em 2012, a americana Motorola era considerada uma carta fora do baralho do mercado de smartphones. A empresa, que havia sido referência ao criar em 1996 o compacto Startac quando o mercado era dominado por um mar de tijolões, nem aparecia mais entre as 20 maiores fabricantes mundiais de smartphones.
No fim de 2013, o cenário começou a mudar com a chegada da família Moto. Em 2014, a empresa voltou ao "top 10" do mercado, segundo a consultoria IDC. E boa parte dessa ascensão se deve ao mercado brasileiro.
O Brasil é o quarto maior mercado de smartphones do mundo, atrás somente de China, Estados Unidos e Índia. E as vendas do produto parecem "blindadas" às dificuldades da economia neste ano, que deve crescer cerca de 0,3%, segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, que reflete a média das perspectivas dos economistas para o crescimento do País.
A consultoria alemã GfK, que também acompanha o mercado de tecnologia, aponta que as vendas de smartphones saltaram 75% de janeiro a julho, na comparação com o mesmo período de 2013.
"As vendas bateram recordes no segundo e no terceiro trimestre e devem ter novo recorde neste fim de ano, graças à Black Friday (data de descontos no varejo, em novembro) e às vendas de Natal", afirma o analista de mercado da IDC Brasil, Leonardo Munin.
Boa parte dessa bonança no mercado de celulares, segundo Munin, pode ser creditada à própria Motorola. A empresa saiu na frente e inaugurou uma tendência no mercado brasileiro: melhorar a experiência do consumidor em celulares com preço abaixo de R$ 1.000.
Foi com essa proposta, afirma o vice-presidente corporativo da Motorola para a América Latina, Sergio Buniac, que a empresa chegou ao segundo lugar do mercado brasileiro de smartphones, atrás apenas da líder Samsung.
O jornal O Estado de S. Paulo apurou que tanto GfK quanto IDC consideram a empresa a vice-líder no segmento, embora a Motorola não revele dados específicos.
Além disso, a GfK aponta ainda que o Moto G - modelo intermediário da Motorola - tornou-se o smartphone mais vendido no País. "E tudo isso aconteceu de novembro do ano passado até agosto de 2014", diz Buniac.
O executivo conta que, como vice-líder mundial em vendas na empresa, atrás dos Estados Unidos, o Brasil ganhou importância para a Motorola. O País já foi até usado como mercado-teste da empresa como ocorreu no mês passado, quando os novos Moto G e Moto X chegaram primeiro ao País.
'Virada'
Buniac, que está há 18 anos na Motorola, admite que o "renascimento" da companhia no mercado brasileiro - e também no global, já que a empresa galgou posições nos Estados Unidos, na Índia e no México - exigiu uma mudança completa de estratégia.
Uma das ordens do Google, diz o executivo, foi que a empresa deixasse de pensar como indústria e passasse a focar sua atenção no consumidor. Isso exigiu um corte radical da linha de produtos, para que a proposta da empresa ficasse clara para o cliente.
E assim foi. Desde a chegada do Google, a Motorola eliminou dezenas de modelos para concentrar-se apenas na família Moto. Hoje, são cinco aparelhos, contando as diferentes versões de Moto X, Moto G e Moto E - respectivamente topo de linha, produto intermediário e celular de entrada.
A Moto foi desenvolvida na "era" Google. Esse ciclo não se fechou, mas está próximo do fim. Analistas projetam que, nos próximos meses, a venda da fabricante para a Lenovo, acertada em fevereiro, seja concluída.
O Google repassou a Motorola à fabricante chinesa de PCs por US$ 2,1 bilhões (bem menos do que pagou), mas reteve a maior parte das patentes da companhia.
A dúvida agora é se, sob a gestão Lenovo, a Motorola conseguirá manter o pique atual - até porque ainda há trabalho a fazer para a empresa retomar o antigo status de potência global. "A marca Motorola é relevante em vários mercados, mas é mais fraca do que no passado", afirma Tuong Nguyen, analista sênior da Gartner.
"A Lenovo pode usar a experiência com PCs, mas é preciso lembrar que os modelos de distribuição de são bem diferentes." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.