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Aos 91 anos, morre Samuel Klein, fundador da Casas Bahia

Polonês naturalizado brasileiro, o empresário estava internado há 15 dias


	Samuel Klein: empresário é um dos empreendedores mais respeitados do país
 (Pio Figueiroa/Cia da Foto)

Samuel Klein: empresário é um dos empreendedores mais respeitados do país (Pio Figueiroa/Cia da Foto)

Tatiana Vaz

Tatiana Vaz

Publicado em 20 de novembro de 2014 às 12h21.

São Paulo - Fundador da Casas Bahia e um dos empresários mais respeitados do país, Samuel Klein morreu na manhã desta quinta-feira (20) em São Paulo.

Polonês naturalizado brasileiro, Samuel Klein havia completado 91 anos em 15 de novembro e estava há 15 dias internado no Hospital Albert Einstein. Ele faleceu na madrugada de hoje por insuficiência respiratória. 

As informações são da assessoria de imprensa da família Klein.

De origem humilde, Klein nasceu em Lublin, na Polônia, e era o terceiro de nove irmãos filhos de um carpinteiro de família judaica.

Aos 19 anos foi preso pelos nazistas e mandado com o pai para o campo de concentração de Maidanek, na Polônia.

Sua mãe e cinco irmãos mais novos foram para o campo de extermínio de Treblinka, e Samuel nunca mais os viu.

Sobreviveu ao campo de concentração por ser jovem e útil para o trabalho forçado, graças ao ofício de carpinteiro herdado.

Conseguiu fugir em 1944 e, com o fim da guerra, seguiu para Munique, na Alemanha, em busca do pai. Não o encontrou, mas casou-se com uma jovem alemã, Ana, depois de cinco anos.

Neste período, ganhou a vida com a venda de produtos diversos para a tropa aliada. 

Brasil e o sonho 

Em 1951 decidiu aventurar-se pela América do Sul e escolheu o Brasil como seu destino final. Passou rapidamente pelo Rio de Janeiro, mas foi em São Paulo, mais precisamente do ABC Paulista, o lugar em que começou a retomar a vida e o sonho de prosperar.

Com Ana e o primogênito, Michel, de apenas um ano, Klein chegou à cidade com US$ 6 mil no bolso e logo começou a negociar uma carteira de clientes e mercadorias na região do Bom Retiro, reduto de imigrantes da capital paulista.

Em pouco tempo, ele passou a vender produtos de porta em porta na cidade de São Caetano do Sul, com a vantagem dos clientes poderem pagar suas compras em leves prestações. 

A prática virou sinônimo do negócio de Klein que, sem empréstimo, e com trabalho duro, acabou criando um conglomerado bilionário, com centenas de lojas espalhadas pelo país.

União com o GPA

Em dezembro de 2009, o grupo Casas Bahia acabou se associando ao Grupo Pão de Açúcar, formando o maior conglomerado do varejo brasileiro.

Batizado posteriormente de Via Varejo, com a união das marcas Ponto Frio (comprada anos antes pelo GPA) e Casas Bahia, o negócio é controlado pela holding Globex. Pelo acordo inicial das partes, Abilio Diniz ficou com 51% do negócio e os Klein com os 49% restantes.

Embora tivessem inicialmente concordado, os Klein entenderam depois que saíram no prejuízo. Um desalinho resolvido depois de um novo acordo em que o Pão de Açúcar colocaria R$ 690 milhões na Globex e a família Klein passaria a ter direito a um “veto de proteção”, para opinar sobre as principais decisões do grupo.

A integração dos negócios acontecia, desde então, a passos lentos, e hoje a empresa passa por uma reorganização societária. Em setembro do ano passado, o fundador da Casas Bahia distribuiu todas as suas ações na Viavarejo para filhos e netos.
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