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Morre banqueiro Aloysio Faria aos 99 anos; empresários lamentam

Empresário, que tinha o apelido de "banqueiro invisível", criou o Banco Real e investiu também em agronegócio, hotelaria, alimentos e mídia

Aloysio Faria: empresário morreu nesta terça-feira aos 99 anos (Arquivo pessoal/Divulgação)

Aloysio Faria: empresário morreu nesta terça-feira aos 99 anos (Arquivo pessoal/Divulgação)

AO

Agência O Globo

Publicado em 15 de setembro de 2020 às 17h14.

Última atualização em 15 de setembro de 2020 às 18h13.

O empresário Aloysio de Andrade Faria, morreu nesta terça-feira aos 99 anos em uma fazenda no interior de São Paulo. Ele foi controlador do Banco Real até os anos 1990 e fundou o Conglomerado Alfa, que tem unidades nos ramos financeiro, hoteleiro, alimentício, agronegócio e de mídia.

Faria completaria 100 anos em novembro. O empresário era considerado discreto e tinha o apelido de "banqueiro invisível". Seu patrimônio pessoal é avaliado pela revista americana Forbes em 1,6 bilhão de dólares — o equivalente a 8,43 bilhões de reais no câmbio atual.

Médico de formação, Aloysio de Andrade Faria herdou o controle do Banco da Lavoura, e dirigiu a instituição a partir dos anos 1950. Em 1972, o banco passou a se chamar Real.

Durante o período em que Faria comandou o Banco Real, a instituição financeira se tornou a quarta maior do segmento no país. Em 1998, o banqueiro vendeu o Real ao holandês ABN Amro por cerca de 2,1 bilhões de dólares. O banco seria incorporado pelo Santander em 2007.

No ramo financeiro, Faria manteve sob seu controle o Banco Real de Investimento, a Real Financeira, o Real Arrendamento Mercantil e a Corretora Real, que deram origem ao atual Banco Alfa e ao conglomerado de mesmo nome.

Entre os negócios do conglomerado estão também a rede hoteleira Transamérica, a varejista de materiais de construção C&C, a produtora de óleo de palma Agropalma, a Rádio Transamérica, além da marca de água mineral Águas Prata e a fábrica de sorvetes La Basque.

O presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, lamentou a morte de Faria.

"O falecimento de Aloysio de Andrade Faria nos priva de um empreendedor por natureza, cuja face mais conhecida é a de modernizador do sistema financeiro nacional. Ele nos deixa um legado de retidão e seriedade. Tão discreto na vida pessoal quanto admirado pelos que com ele conviveram, sua ausência é uma grande perda", afirmou em nota.

Trabuco lembra que Faria introduziu no Real “métodos de gestão de pessoas por meio do estímulo à formação das carreiras” e que criou o cheque especial sem cobrança de juros durante parte do mês.

"Nos anos 1970, tive o privilégio de conhecer de perto o talento de Aloysio Faria em transformar, para melhor, tudo aquilo em que se envolvia. Como diretor da Pecplan, a empresa do Bradesco dedicada à melhoria da genética animal, pude vê-lo insistir, persistir e não desistir até que conseguisse melhorar seu rebanho da raça holandesa. Antes, na década de 1960, introduziu o cavalo árabe no Brasil, cuja característica mais reconhecida é a de melhorar todas as demais raças", disse Trabuco.

Para o presidente do Santander, Sérgio Rial, Faria foi um exemplo de banqueiro e um empresário comprometido com o desenvolvimento nacional.

"Entre seus inúmeros legados, foi o fundador do Banco Real, cuja posterior incorporação pelo Santander foi decisiva para moldar os contornos de nossa presença e atuação no país. Suas realizações continuarão a inspirar as novas e futuras gerações de líderes do nosso Brasil", afirmou Rial.

Para Candido Bracher, presidente do Itaú Unibanco,

A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) disse lamentar em nota que o setor aprendeu muito com Faria. “Lamentamosa perda (...). Era um banqueiro empreendedor com visão empresarial de país.”

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