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Montadoras receberam "socorro" recorde de US$ 15 bi das matrizes em 2018

A maior parte veio como empréstimos que terão de ser devolvidos futuramente, e outra parcela como injeção de capital

MONTADORA: Anfavea anunciou, nesta segunda-feira, queda na produção brasileira de veículos em julho de 4,1% / Michele Tantussi / Getty Images (Michele Tantussi/Getty Images)

MONTADORA: Anfavea anunciou, nesta segunda-feira, queda na produção brasileira de veículos em julho de 4,1% / Michele Tantussi / Getty Images (Michele Tantussi/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 10 de fevereiro de 2019 às 13h44.

São Paulo - Montadoras instaladas no Brasil receberam quase US$ 15 bilhões (R$ 54 bilhões) de suas matrizes no ano passado como suporte às operações locais. A maior parte veio como empréstimos que terão de ser devolvidos futuramente, e outra parcela como injeção de capital, a fundo perdido.

O socorro recorde é um termômetro da situação financeira do setor, que afirma operar com prejuízos desde o início da crise econômica, quando as vendas de veículos despencaram. A General Motors, uma das maiores montadoras no País, ameaça suspender investimentos locais se não retomar a lucratividade ainda este ano.

A entrada desse dinheiro "é uma evidência de que as montadoras precisam de apoio das matrizes para as operações locais", diz Letícia Costa, sócia da Prada Assessoria. Ao mesmo tempo, mostra que as companhias globais continuam interessadas no Brasil e acreditam que as filiais voltarão a ser rentáveis, afirma Antonio Megale, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Nos anos de bonança, são as subsidiárias que enviam dinheiro para as matrizes. Foi o que ocorreu, por exemplo, em 2010. Foram vendidos no período mais de 3,5 milhões de veículos e US$ 5,7 bilhões (R$ 20,5 bilhões) saíram do Brasil rumo às sedes internacionais. Em 2018, ano de retomada de vendas, mas de queda na exportação, as remessas de lucro foram de US$ 516 milhões (R$ 1,85 bilhão). Foi mais do que nos três anos anteriores, mas bem abaixo do registrado de 2010 a 2013.

Do total recebido em 2018, US$ 9,98 bilhões (R$ 36 bilhões) foram empréstimos intercompanhias, normalmente feitos a longo prazo e com juros menores que os brasileiros. Outros US$ 4,5 bilhões (R$ 16,2 bilhões) chegaram como investimento direto. O dinheiro tem sido usado não só em investimentos, mas para pagar fornecedores e funcionários.

"Esse movimento significa que as matrizes precisam mandar oxigênio para as filiais que estão morrendo afogadas", diz o vice-presidente da Ford América do Sul, Rogelio Goldfarb. "As empresas não têm condições de se autossustentarem."

Segundo Megale, essa dificuldade é enfrentada pela maioria das empresas. A GM diz que perde dinheiro no País há três anos. Só em 2018 o prejuízo teria sido de R$ 1 bilhão (US$ 277 milhões), segundo fontes. A maioria das montadoras não divulga balanços no Brasil.

A GM negocia com empregados, fornecedores, revendedores e governos um plano de corte de custos. Se tiver a contribuição de todos, promete investir R$ 10 bilhões até 2024. Globalmente, a GM passa por reestruturação e fechará cinco fábricas nos EUA e Canadá e já encerrou operações na África do Sul, Austrália, Rússia, Venezuela e vendeu a unidade da Europa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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