Carros: compartilhamento irá reduzir em 792.000 o número de veículos vendidos no mundo em 2021 (Thinkstock)
Luísa Melo
Publicado em 27 de fevereiro de 2016 às 09h16.
São Paulo - O compartilhamento de carros, movimento que vem ganhando espaço em todo o mundo, deve causar perdas de 7,4 bilhões de euros (cerca de 32,2 bilhões de reais) às montadoras nos próximos cinco anos.
É isso o que aponta um estudo do The Boston Consulting Group, apresentado nesta semana.
Segundo a pesquisa, a prática de dividir o uso do automóvel com outras pessoas irá reduzir em 792.000 o número de veículos vendidos no mundo em 2021, o que resultaria na perda bilionária para as fabricantes.
Isso é equivalente a pouco mais de 1% dos 78,4 milhões de novos carros comercializados em mercados onde o compartilhamento é viável.
Já é uma realidade
Na Alemanha, de acordo com o BCG, já existem 140 serviços diferentes de car sharing em operação. Eles controlam uma frota de 15.400 veículos – em 2011, eram apenas 1.000.
A base de usuários desses sistemas chega a 1 milhão de pessoas.
Como ficará no futuro
Conforme destaca a consultoria, é necessária uma grande concentração de população para que o compartilhamento de carros seja possível – e rentável.
Na América do Norte e Europa, por exemplo, 500.000 habitantes seriam suficientes.
Já na Ásia-Pacífico, onde a renda per capta é menor e a infraestrutura de transporte é pouco desenvolvida, o car sharing só seria viável em cidades com população acima de 5 milhões de pessoas.
“No entanto, em termos relativos, por conta do tamanho e crescimento da população, a Ásia-Pacífico será o maior mercado”, afirma Gang Xu, sócio do BCG e coautor do estudo, em nota.
Em 2021, cerca de 35 milhões de pessoas estarão cadastradas em algum serviço de compartilhamento de veículos.
Desses, 14 milhões estarão na Europa, 6 milhões na América do Norte e 15 milhões na Ásia-Pacífico.
“Esses usuários de serviços de compartilhamento de carros vão gerar uma receita global de 4,7 bilhões de euros em 2021, com uma receita bruta de 3,2 bilhões de euros, proveniente de usuários ocasionais, que precisam de um carro apenas para eventuais viagens”, afirma Marco Gerrits, sócio do BCG e também coautor do estudo.
Segundo ele, a Europa será a região com a maior geração de faturamento, com 2,1 bilhões de euros; seguida pela Ásia-Pacífico, com 1,5 bilhão de euros; e pela América do Norte, com 1,1 bilhão de euros.