A produção no primeiro semestre cresceu 4,1 por cento e atingiu 1,71 milhão de unidades (Germano Lüders/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2011 às 17h51.
São Paulo - A indústria brasileira de veículos divulgou nesta quarta-feira uma perspectiva cautelosa para o desempenho do setor nos próximos meses, mantendo suas previsões para 2011 mesmo após o forte crescimento das vendas na primeira metade do ano.
De janeiro a junho, a venda de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus novos no país chegou ao recorde de 1,74 milhão de unidades, avanço de 10 por cento sobre um ano antes, segundo a Anfavea, associação que representa as montadoras.
A produção no primeiro semestre cresceu 4,1 por cento e atingiu 1,71 milhão de unidades, de acordo com números divulgados nesta quarta-feira.
Apesar disso, a Anfavea manteve sua projeção de alta de 5 por cento nas vendas de veículos e de ligeiro avanço de 1,1 por cento na produção no acumulado deste ano.
"Estamos imaginando que, com as medidas macroprudenciais adotadas pelo governo, o mercado não conseguirá ir muito além do que foi no ano passado no segundo semestre", disse o presidente da Anfavea, Cledorvino Belini.
Ele se referia às ações do Banco Central anunciadas em dezembro de 2010 para conter a expansão do crédito, em meio ao esforço para reduzir a inflação. Para o presidente da Anfavea, leva cerca de seis meses para que os efeitos das medidas do BC sejam sentidos nas vendas do setor automotivo --ou seja, isso aconteceria a partir de julho.
Segundo ele, a entidade ainda precisa de mais dois meses para "ter uma visão mais clara" do desempenho da indústria --embora reconheça que uma eventual revisão das estimativas para 2011 seria para cima.
A cautela da Anfavea destoa da postura da associação de concessionários Fenabrave, que na segunda-feira elevou sua projeção de vendas de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus em 2011, de alta de 4,7 para expansão de 6,5 por cento, a 3,74 milhões de unidades.
Sobre o primeiro semestre, o presidente da Anfavea afirmou que o desempenho era esperado mesmo após as medidas de contenção do crédito adotadas pelo BC. Além do aquecimento da economia, Belini lembrou que houve desaceleração das vendas de abril a junho de 2010, após o fim da desoneração do IPI sobre veículos, tornando mais fraca a base de comparação.
Ainda conforme a Anfavea, as exportações de veículos nos primeiros seis meses do ano ficaram em 7,2 bilhões de dólares, alta de 24,9 por cento.
A indústria encerrou junho com estoques de 341,9 mil veículos, equivalentes a 33 dias de vendas, após um patamar de 30 dias em maio. Belini disse que "estoque anormal seria acima de 40 dias".
Números de junho - Em junho, as vendas de veículos novos no mercado interno caíram 4,5 por cento sobre maio, para 304,3 mil unidades. Belini afirmou que na média diária de vendas houve estabilidade na comparação mês a mês no patamar de 14,5 mil unidades. Em dezembro, antes de as medidas macroprudenciais entrarem em vigor, a média foi de 17,3 mil.
Em termos de produção, houve queda no mês passado de 2,8 por cento sobre maio, para 295,6 mil unidades, enquanto sobre junho de 2010 houve alta de 4,1 por cento.
A indústria exportou um total de 1,24 bilhão de dólares em junho, queda de 9,1 por cento sobre maio e avanço de 17,8 por cento na comparação anual.
Ranking - A Fiat vendeu 67.216 automóveis e comerciais leves novos em junho, alta de 0,6 por cento sobre maio, mantendo a liderança do setor.
A Volkswagen, em seguida, apurou licenciamentos de 57.113 unidades em junho nas duas categorias, queda de 8,9 por cento na comparação com o mês anterior, atingida pela greve no Paraná.
A General Motors, enquanto isso, emplacou 53.583 unidades no mês passado, abaixo dos 55.571 mil carros e comerciais leves em maio.
As vendas da Ford em junho totalizaram 26.849 unidades, queda de 1,7 por cento ante maio.