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Moda é a arma dos brasileiros contra calçados chineses

Empresas brasileiras de calçados investem cada vez mais em moda, design e qualidade para driblar a concorrência chinesa no país

Sapatos Jorge Bichoff: China não é ameaça e sim oportunidade (Divulgação)

Sapatos Jorge Bichoff: China não é ameaça e sim oportunidade (Divulgação)

Daniela Barbosa

Daniela Barbosa

Publicado em 4 de julho de 2011 às 11h39.

São Paulo – Não é de hoje que os produtos chineses invadiram as prateleiras brasileiras e com o setor de calçadista não é diferente. Considerados comodities, sapatos na China são produzidos em larga escala e sem nenhum critério de qualidade, identidade ou moda. Eles chegam ao Brasil com preços bem mais baixo na comparação com os produtos nacionais, tornando, assim, desleal a concorrência.

Para driblar o problema, companhias brasileiras estão caminhando no sentido contrário aos chineses, elas não pensam em oferecer produtos com preços competitivos, a aposta, pelo contrário, é investir em moda, design e qualidade.  A EXAME.com conversou com algumas delas para saber quais são suas estratégias e por que o mercado chinês não é tão assustador assim.

“Não os vemos como ameaça, pelo contrário, estamos enxergando oportunidades naquele mercado”, afirmou Greice Cozer, gerente de exportação da grife de calçados Jorge Bischoff, que tem seus produtos desenvolvidos pelo designer de mesmo nome. “Apostamos em cores diferentes, abuso de metais e qualidade, o que traduz todo o nosso diferencial”, afirmou.

A grife gaúcha até o final deste ano pretende dobrar o número de lojas próprias no país e chegar a 40 pontos de venda. O número de pares fabricados também deve crescer e deve chegar a 600.000 até o fim deste ano. “Recentemente, lançamos a segunda marca do grupo, Loucos e Santos, com uma proposta mais descontraída e casual”, disse Greice. Já com a primeira coleção, a companhia esperar vender cerca de 190.000 pares no Brasil.

A tradicional marca de sapatos Picadilly, no mercado há mais de 50 anos, há dois, sentiu necessidade de se reinventar para continuar crescendo no mercado brasileiro. Segundo Micheline Grings, diretora da Piccadilly, a marca passou a investir mais em tecnologia e inovação, com a proposta de desenvolver calçados cada vez mais confortáveis e segmentados.

“Não nos intimidamos com os chineses. Confiamos na qualidade dos nossos produtos. Para nos diferenciar, criamos diversas linhas dentro da Picadilly justamente para atender os mais distintos públicos. Nosso objetivo é fideliza lós oferecendo conforto aliado a design”, disse Micheline.


A Picadilly, anos atrás, era conhecida no mercado por produzir calçados femininos mais tradicionais. Desde que lançou seu plano de transformação, vem desenvolvendo sapatos que atendam todas as faixas etárias.  Neste ano, a Picadilly planeja produzir 9,2 milhões de pares de sapatos. “Nosso faturamento, no primeiro semestre de 2011, cresceu 35% na comparação com o mesmo período do ano passado”, disse Micheline. 

Governo

Além de todos os investimentos feitos pelas companhias brasileiras, é papel do governo também restringir a entrada de produtos chineses que desequilibre o setor de calçados no Brasil. Segundo Cristiano Korbes, porta-voz da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, mesmo com algumas medidas, como a ação Antidumping, muitos produtos entram de forma ilegal no país e prejudica o mercado.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC), o volume de calçados exportados cresceu 23% em 2010 na comparação com 2009. Já o valor dos produtos exportados no período caiu 17%, passando de 302, 8 milhões de dólares, em 2009, para 248, 7 milhões de dólares, no ano passado. O dado confirma que cada vez mais os produtos chineses chegam ao país com preço cada vez menor.

“Há o problema também de que parte dos calçados chineses entra no Brasil com origem de outras localidades o que dificulta o controle. A concorrência é desleal, mas as companhias chinesas de calçados não têm identidade e é isso que está buscando cada vez mais o consumidor brasileiro, marcas que traduzam seu comportamento”, disse Korbes.

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