Governo local descartou uma possível disputa entre a mineradora Vale, de Murilo Ferreira, e o banco BTG, de André Esteves (Vanderlei Almeida/AFP)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2012 às 10h38.
O governo da Guiné descarta uma possível disputa entre a mineradora Vale e o banco BTG, de André Esteves, pela exploração das minas de Simandou, considerada a maior reserva inexplorada de minério de ferro do mundo.
Em entrevista ao Estado por e-mail, o ministro de Minas do país, Mohamed Lamine Fofana, afirma que as conversas do governo com o BTG, banco que é sócio do ex-presidente da Vale Roger Agnelli na B&A Mineração, envolvem principalmente "propostas de financiamento". Fofana ressalta, porém, que qualquer proposta da B&A para a exploração da mina em si será avaliada "cuidadosamente", especialmente pela reputação de Agnelli no setor de mineração.
O ministro diz também que "é absolutamente inverídica" a informação de que o BTG e a B&A possam disputar as áreas 1 e 2 de Simandou, nas quais a Vale tem participação majoritária. Porém, a proposta enviada pelo BTG ao governo da Guiné no início de julho englobava todo o complexo de Simandou, e não somente os blocos 3 e 4, da australiana Rio Tinto. Segundo fontes próximas à negociação, essa proposta estaria sendo modificada, deixando de fora a área da Vale.
Foi a primeira versão da proposta que motivou Asher Avidan, presidente da BSG Resources, sócia da Vale em Simandou, a vir ao Brasil buscar advogados para entrar com um processo contra Agnelli e o BTG por tentativa de prejudicar seu contrato. A Vale entrou em Simandou ao comprar 51% da concessão da BSG por US$ 2,5 bilhões. Na época, dizem fontes, Agnelli cuidou pessoalmente do negócio.
O ministro Fofana descartou a expulsão sumária da israelense BSG para que a Vale explore sozinha a concessão de Simandou. Fofana, porém, afirma que a Vale "tem os recursos que a Guiné está procurando e conduziu projetos bastante semelhantes ao de Simandou". Avidan, da BSG, diz ter ouvido do presidente da Guiné, Alpha Condé, que a empresa não é bem-vinda no país.
As suspeitas de a BSG ter conseguido os direitos sobre 50% de Simandou por influência de uma das esposas de Lansana Conté, ditador que governou a Guiné por mais de 20 anos até sua morte, em 2008, são alvo de investigação. Mas a comprovação das irregularidades não acarretará, necessariamente, na quebra do contrato. O ministro diz que há mais alternativas, como a aplicação de multa ou abertura de processo criminal contra a empresa.
As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.