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Minerva reabre frigorífico para ganhar terreno frente à JBS

A unidade, que fica no Mato Grosso, vai precisar de alguns reparos e contratações, mas deverá voltar a funcionar nas próximas semanas

Frigorífico: o Minerva já havia fechado a compra, por US$ 300 milhões, dos negócios da JBS no Paraguai, Uruguai e Argentina (Victor Moriyama/Getty Images)

Frigorífico: o Minerva já havia fechado a compra, por US$ 300 milhões, dos negócios da JBS no Paraguai, Uruguai e Argentina (Victor Moriyama/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de junho de 2017 às 09h29.

São Paulo - Terceiro maior frigorífico do País, o Minerva vai anunciar nesta terça-feira, 13, segundo apurou o 'Estado', a reativação de uma unidade em Mato Grosso.

O movimento é uma tentativa da companhia de ganhar terreno frente à crise da rival JBS, deflagrada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Na semana passada, o Minerva já havia fechado a compra, por US$ 300 milhões, dos negócios da JBS no Paraguai, Uruguai e Argentina.

De acordo com fontes de mercado, executivos do grupo vão se reunir hoje com autoridades do Estado de Mato Grosso para informar a reativação da operação de Mirassol D' Oeste, parada desde 2015. A unidade vai precisar de alguns reparos e contratações, mas deverá voltar a funcionar nas próximas semanas.

O Minerva não é o único rival da JBS a considerar reaberturas de frigoríficos no Centro-Oeste, sobretudo em Mato Grosso, onde se concentra o maior abate de gado no País.

Vice-líder no mercado de carnes, o Marfrig também vai avaliar em julho, afirmam fontes, se abrirá a operação de Nova Xavantina, que fazia parte de uma massa falida e está fechada.

JBS, Marfrig e Minerva participaram nos últimos anos de um movimento de concentração do setor. O JBS e o Marfrig tiveram apoio do BNDES para fazer aquisições dentro e fora do Brasil.

O Minerva ficou de fora desse boom, mas também fez compras no País e passou a olhar ativos na América do Sul. No fim de 2015, o fundo Salic, da Arábia Saudita, comprou 20% do capital do frigorífico brasileiro, o que possibilitou maior musculatura para a companhia avançar no País.

O grupo chegou a anunciar no ano passado a compra de um concorrente, o Frisa, mas a operação não foi adiante.

Crise

A crise no setor de carnes com as delações dos irmãos Batista tem deixado vários pecuaristas, que fecharam contratos para entrega de gado para o JBS, preocupados.

Maior frigorífico do País, o JBS é responsável por 20% do abate de gado no Brasil, segundo o pecuarista Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB). "Só em Mato Grosso, abatem cerca de 50% do gado", disse Camargo Neto.

A turbulência não afeta somente os pecuaristas que entregam gado só para o JBS. Desde as delações, os preços da arroba do boi têm caído fortemente.

Segundo Luciano Vacari, diretor-executivo da Associação de Criadores do Mato Grosso (Acrimat), os preços do gado recuaram de R$ 130 a arroba do boi para até R$ 115 no Mato Grosso.

"Imagina a situação de um produtor de gado que se prepara de 24 a 30 meses antes para engordar o gado para vender para o frigorífico.

De repente, tem essa situação", disse Vacari. A mudança de política do JBS de não pagar mais à vista também afetou os pecuaristas. "Deixei de vender para o grupo", disse o pecuarista Murilo Abrahão.

Segundo ele, concorrentes não conseguem comprar a totalidade do gado que os pecuaristas deixaram de enviar para o JBS, mas muitos estão olhando oportunidades em Mato Grosso por causa dessa crise.

"Não há manobra nem espaço para os frigoríficos concorrentes assumirem todo o vácuo deixado pela JBS nessa crise, mas os concorrentes estão se movimentando neste sentido", disse.

Outro lado

Em nota, a JBS informou que padronizou o processo de compra de gado no Brasil, com pagamento no prazo de 30 dias, como já ocorria em 97% das praças onde atuava. "Todas as unidades da empresa seguem operando normalmente", afirmou a empresa.

Procurados, porta-vozes do Marfrig e Minerva não foram encontrados para comentar a reativação das unidades. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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