Negócios

Minerva espera melhora das margens em 2012

Empresa pode se beneficiar da perspectiva de aumento da oferta de gado para abate

A empresa, uma das líderes do setor de carne bovina da América do Sul, conta atualmente com 10 fábricas e 11 centros de distribuição (Leo Feltran)

A empresa, uma das líderes do setor de carne bovina da América do Sul, conta atualmente com 10 fábricas e 11 centros de distribuição (Leo Feltran)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de março de 2012 às 12h59.

São Paulo - A indústria de alimentos Minerva prevê uma melhora das margens em 2012, diante da perspectiva de aumento da oferta de gado para abate, que tende a reduzir os custos de produção da companhia, e da manutenção dos bons preços registrados tanto no mercado interno como externo, disse o presidente da companhia.

"O preço não perdeu força, e a parte do fornecimento está mais equilibrada, com o aumento previsto na oferta. Então significa que se vê uma tendência de ampliação de margens", disse à Reuters Fernando Galletti Queiroz, presidente do Minerva.

O executivo observou que a companhia concluiu o ciclo de investimentos em novas fábricas e centros de distribuição dos últimos anos, cujos benefícios começam a ser colhidos justamente no momento em que se prevê aumento da oferta de animais para abate e consequente redução do valor da arroba do boi.

Segundo ele, a evolução do estoque de bezerros e de vacas na pecuária brasileira deve permitir uma redução entre 5 a 7 por cento no preço médio da arroba no ano, considerando os preços futuros apontados pela BM&FBovespa.

"Temos a situação em que o mercado já prevê maior oferta. Nós acreditamos que é o ponto de inflexão no ciclo (da pecuária), e o Minerva concluiu seus investimentos nesta época. Isso é importante para nós", disse o executivo, referindo-se à melhora em sua estrutura diante da perspectiva de manutenção da firme demanda interna e dos países emergentes.

A empresa, uma das líderes do setor de carne bovina da América do Sul, conta atualmente com 10 fábricas e 11 centros de distribuição (dois destes inaugurados no ano passado), distribuídos em seis Estados, além de unidades no Paraguai e Uruguai.

O executivo ressaltou que esta melhora da oferta no Brasil ocorre em um momento favorável, uma vez que seus principais concorrentes enfrentam problemas com a oferta de gado, como no caso dos Estados Unidos, onde o rebanho atingiu o menor nível em 60 anos, da Argentina e Europa. Na Austrália, outro importante concorrente, ele acrescentou que a oferta segue estável.

"Isto aí nos dá a tranquilidade de que nós teremos um ano bastante especial", afirmou.

Em 2011, o lucro líquido da companhia dobrou, totalizando 41,7 milhões de reais, frente aos 20,8 milhões de reais registrados no ano anterior, puxado especialmente pelo forte desempenho do mercado interno e, em menor escala, pelas vendas externas. A receita no período atingiu o recorde de 4,257 bilhões de reais, versus 3,57 bilhões de reais registrados no ano anterior.

"O mercado interno continua pujante, continua um mercado muito favorável. A demanda no Brasil está bastante forte, mas tem também a parte dos mercados emergentes fora do Brasil... também muito positivos. Estes mercados também estão tendo um crescimento grande", afirmou.


As vendas no mercado interno saltaram quase 54 por cento, gerando 1,839 bilhão de reais, contra 1,196 bilhão de reais do ano anterior, favorecidas pela estratégia da companhia de focar as operações nos segmentos de pequeno e médio varejo, que cresce perto de dois dígitos e acima da média do grande varejo, disse Queiroz, referindo-se a levantamento da Nielsen.

No mercado externo, a pequena melhora de cerca de 2 por cento nas exportações foi puxada pela demanda dos países emergentes, nas Américas, Oriente Médio, África Subsaariana, Leste Europeu e extremo Oriente.

"São países que têm uma característica muito próxima da que nós vivemos. Com uma classe média baixa vindo para o consumo, uma classe de consumidores novos... que tem se refletido na demanda em todos estes países", acrescentou.

Desempenho

O Minerva terminou 2011 com uma margem Ebitda de 8,7 por cento, quase 1 ponto percentual acima do ano anterior, com uma melhora expressiva desse índice no segundo semestre de 2011, justamente pelo aumento de oferta de animais para abate.

Segundo Queiroz, este cenário ajudou a companhia a reduzir sua alavancagem que terminou o ano em 3,65 vezes em relação ao Ebitda, ante 3,97 vezes no final de 2010. Segundo ele, a duração média do endividamento está em cerca de sete anos e com cerca de 8 por cento da dívida no curto prazo. "Um dos perfis mais alongados de qualquer empresa de qualquer setor", afirmou.

Segundo ele, no último trimestre a empresa gerou fluxo de caixa livre - ou seja, depois de pagar as despesas financeiras e os investimentos - e ainda sobrou para a amortização de dívida.

"Isso mostra também que é o término do período de investimentos... é um período de geração de caixa, que tem sido nossa prioridade", disse.

Questionado sobre o impacto do dólar, ele afirmou que a gestão de risco tem permitido à companhia proteger suas margens. Os preços sustentados no mercado externo, diz ele, são reflexo do repasse de parte da desvalorização do dólar.

Sobre os investimentos, ele ressaltou que o plano não contempla a construção de novas unidades, mas afirmou que o Minerva está sempre olhando as oportunidades de mercado, desde que ela gere um efeito positivo ou no mínimo neutro no nível de alavancagem da companhia.

Acompanhe tudo sobre:AlimentaçãoAlimentos processadosCarnes e derivadosEmpresasMinerva FoodsTrigo

Mais de Negócios

Empresa cresce num mercado bilionário que poupa até 50% o custo com aluguel

Como esta administradora independente já vendeu R$ 1 bilhão em consórcios

De food truck a 130 restaurantes: como dois catarinenses vão fazer R$ 40 milhões com comida mexicana

Peugeot: dinastia centenária de automóveis escolhe sucessor; saiba quem é